BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Uma longa mensagem amarrada em caminhões de manifestantes que furaram o bloqueio da polícia na madrugada diz que o grupos deixa Brasília quando a seguinte pauta for atendida: "Destituição de todos os ministros do STF".

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. | Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Outro cartaz, também apoiado num caminhão, dizia que o "câncer do Brasil" é o "STF, TSE, Senado Federal, Câmara dos Deputados, Zé Dirceu, Lula, Dilma, Gleisi, Omar Aziz, Renan Calheiros, Randolfe Pacheco, Lira, Rodrigo Maia, Alcolumbre, etc".

No acampamento em frente ao Ministério da Agricultura há carta pedindo impeachment dos ministros do STF e voto impresso. "Pedimos que vocês, ministros, saiam, porque estamos no nosso direito. Zé Trovão nos representa", afirma placa de uma manifestante, que cita caminhoneiro foragido justamente por ataques às instituições.

Os manifestantes também gritam que "o povo é o Supremo" e dizem que "o povo chegou" em frente ao Itamaraty. Ali há barreira de policiais que impedem a ida dos apoiadores de Bolsonaro até o STF.

BLOQUEIO

Caminhões e manifestantes pressionam a primeira linha formada por PMs na altura do Palácio do Itamaraty para romper o bloqueio e invadir o espaço.

Uma segunda linha, poucos metros abaixo, é formada por carros e PMs do Batalhão de Choque. Os caminhões fazem forte buzinaço, e os manifestantes gritam "Vamos invadir". Se caminhões e manifestantes passarem por esses bloqueios, terão acesso às laterais dos prédios do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal).

Apesar da pressão, até as 9h30, não havia iminência de que a multidão e os caminhões ultrapassariam as barreiras. Os PMs seguem parados e há grades separando-os dos manifestantes, mas não há empurra-empurra ou uso de spray de pimenta para contê-los.

OPOSIÇÃO

Grupos de oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se reúnem em frente à Torre de TV, em Brasília, para protestar contra o governo. O ato faz parte do Grito dos Excluídos, que tradicionalmente ocorria na Esplanada dos Ministérios, mas mudou de lugar neste ano por conta das manifestações em apoio ao presidente.

Os participantes da manifestação oposicionista pedem o impeachment do presidente e gritam palavras de ordem a favor da vacina, da democracia e do auxílio emergencial.

Apesar da proximidade com os atos bolsonaristas -a poucos metros da concentração, apoiadores do presidente seguem em direção à Esplanada -não houve atritos até o momento.

Apoiadores de Bolsonaro furaram bloqueio da pm na noite de segunda

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro furaram o bloqueio da Polícia Militar do Distrito Federal e ingressaram na Esplanada dos Ministérios na noite desta segunda-feira (6).

O trânsito na região estava fechado para carros desde a noite de domingo (5), mas após pressão dos manifestantes a PM liberou o bloqueio, permitindo que carros descessem em direção ao prédio do STF (Supremo Tribunal Federal).

"Os veículos seriam autorizados a entrar à 0h, mas alguns manifestantes tentaram forçar uma entrada com veículos num dos pontos de bloqueio. A situação foi contornada", informou a PM, em nota.

Em vídeos publicados nas redes sociais, é possível ouvir um homem gritando: "Acabamos de invadir, a polícia não deu conta de segurar o povo". Ele ainda completa: "E nós vamos invadir o STF amanhã".

Após romperem o bloqueio, caminhões e centenas de manifestantes avançaram até a frente do Palácio do Itamaraty, parando em um bloqueio a poucos metros do Congresso Nacional.

As forças de segurança montaram um cordão de isolamento, com cerca de 30 policiais, enquanto na retaguarda havia unidades da tropa de choque.

No início da invasão da Esplanada, houve momentos de tensão. Vídeos mostram policiais em número reduzido tentando inutilmente convencer os manifestantes. Em uma cena, um policial chega a sacar uma arma para tentar dispersar o grupo, sem sucesso. Com raras exceções, os manifestantes estavam sem máscaras e completamente aglomerados.

Motoristas de caminhões buzinavam e aceleravam, sem sair do lugar, para estimular os manifestantes a seguirem adiante. A todo momento, havia gritos de "libera, libera" em direção aos policiais. Muitos manifestantes consumiam bebidas alcoólicas.

Houve um princípio de confusão entre os próprios manifestantes, que queriam retirar um líder caminhoneiro que estava mais exaltado e estimulava romper o bloqueio.

Os gramados da Esplanada ficaram cheios de carros e caminhões estacionados. Alguns manifestantes montaram barracas bem próximas ao Congresso.

Os presentes mesclavam ofensas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, com o Hino Nacional e da Independência. Também havia faixas com os dizeres "supremo é o povo" e críticas a personalidades políticas, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), até então poupado pelos bolsonaristas.

Por volta de meia-noite, a movimentação já era menor. No entanto, algumas pessoas ainda se aglomeravam perto dos caminhões. Algumas faixas com dizeres mais radicais foram estendidas. Uma delas dizia "Presidente, acione as Forças Armadas. Faça o que tem que ser feito".

O ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Wagner Rosário, publicou um tuíte exaltando a invasão dos manifestantes na Esplanada.

"Lindo ver Brasília ser tomada por pessoas de bem. Pessoas ordeiras, que só querem viver num país mais justo, mais livre e mais democrático. Tá bonito de ver!!! Viva o 07 de setembro!!", escreveu.