Ao menos quatro manifestações políticas deverão ocorrer em Londrina nesta quarta-feira (7), feriado da Independência do Brasil. Três delas são de grupos de direita e de manifestações favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que é candidato à reeleição. Por conta da polarização política, o chamado Grito dos Excluídos, que é organizado por pastorais sociais e tem adesão de movimentos de esquerda, neste ano não será realizado após o Desfile de 7 de Setembro na Avenida Leste Oeste e foi transferido pelos organizadores para o conjunto Flores do Campo (zona norte). A Policia Militar informou que estará presente nos atos para garantir segurança à população.

Os dois principais movimentos organizados por apoiadores de Bolsonaro e por candidatos de partidos da base de sustentação do presidente no Congresso vão ocorrer em dois períodos do dia. Uma motociata, com a presença confirmada do Moto Clube de Londrina, marcou concentração às 9 horas em frente à Prefeitura (Avenida Duque de Caxias) e seguirá pelas avenidas Juscelino Kubitschek e Tiradentes até o Parque de Exposições Ney Braga. Outro evento, organizado pelos movimentos Direita Londrina, Nas Ruas Movimento Conservador Londrina e tem concentração prevista às 15 horas na rotatória da JK com a Avenida Higienópolis.

O policial militar da reserva Reginaldo Oliveira, que é um dos organizadores da motociata, disse esperar ao menos mil motocicletas de vários grupos de adeptos da modalidade na região no ato pró-Bolsonaro. "A divulgação é feita pelas redes sociais, mas tem uma previsão de chuva que pode impactar na concentração. Nesses 200 anos de Independência do Brasil, estaremos todos de verde e amarelo com a bandeira do Brasil defendendo pautas como a família, a liberdade e a pátria." Segundo ele, haverá um carro de som acompanhando a motociata, mas as falas não serão direcionadas. "Todo mundo terá direito de se expressar. São vários motoclubes que são pró-Bolsonaro que estarão com seus brasões, mas estaremos com muitos motociclistas independentes, em modo geral".

Questionado se haverá manifestação com pautas antidemocráticas, como o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal), Oliveira disse que não há indicativo nesse sentido. "Algumas críticas poderão ser feitas, mas não iremos direcionar as falas dos manifestantes", afirmou o coronel Reginaldo.

Pela manhã, também haverá uma carreata marcada para as 9 horas saindo da zona norte, com caráter "independente", e que inclui na pauta a defesa do novo piso salarial da enfermagem, suspenso por uma liminar deferida pelo ministro Luís Roberto Barroso no domingo (4). No despacho, o magistrado ponderou que é preciso atentar sobre "eventuais impactos negativos", pois o Legislativo e o Executivo, segundo ele, não tomaram providências para absorver os custos dos novos salários. O plenário da Corte marcou para a próxima sexta-feira (9) o julgamento da decisão.

GRITO DOS EXCLUÍDOS

Tradicionalmente, o Grito dos Excluídos reúne trabalhadores do campo, movimentos sindicais e é organizado pelas Pastorais de Igreja Católica para reivindicar direitos sociais no 7 de setembro. Diante das tensões políticas e por conta do período eleitoral, os organizadores decidiram mudar o local do evento para uma área periférica e de ocupação de Londrina, que é o conjunto Flores do Campo (zona norte). "Estrategicamente, não iremos para a Leste-Oeste, mas continuaremos refletindo, nos reunindo e defendendo nossas pautas. O Flores do Campo é uma referência emblemática de exclusão social e por isso escolhemos o local para também nos comprometermos com aquela causa", ressaltou o padre Dirceu Luiz Fumagalli.

Segundo a organização, neste ano o ato terá como pauta central a defesa dos direitos básicos da população mais vulnerável. "São 200 anos de independência para quem? Neste processo de democracia muitos brasileiros ficaram à margem. Temos ainda uma multidão de brasileiros sem direito a moradia, alimentação, emprego e renda. Vemos um processo de exclusão aumentando nos últimos anos. Vamos fazer essa reflexão em Londrina, onde há uma população invisível sem acesso a políticas públicas., moradia e principalmente emprego."

SEGURANÇA

O tenente-coronel Nelson Villa, comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar de Londrina, informou que os organizadores tanto da motociata da manhã e da manifestação na rotatória da JK com Higienópolis informaram à corporação sobre o evento com pedidos formais de apoio na segurança. "Como nas últimas edições, não acredito que essas manifestações irão causar tensões. De qualquer maneira, onde há aglomerações de pessoas a polícia está presente para prevenir qualquer tipo de exagero. Acreditamos que as pessoas das manifestações e do desfile, independente da questão ideológica, não ensejam nenhum risco. A exteriorização do ponto de vista deve ser vista como democrática e amparada pela Polícia Militar."

Segundo Villa, no histórico não há registros de incidentes nesse tipo da manifestação em Londrina. "Eu acredito que a simples presença policial, discreta, será suficiente para inibir a manifestação", completou o tenente-coronel.

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