Presente na região de Londrina nesta segunda-feira (9), o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, afirmou à FOLHA que vê como pacificada a disputa pelo comando da pasta.

O órgão chefiado por ele chegou a ser cotado para passar para as mãos de algum partido do centrão – em uma tentativa de ampliar a base do governo Lula (PT) no Congresso. Porém, transcorridas as trocas das últimas semanas, o ex-governador petista do Piauí seguiu no comando de um dos ministérios de maior visibilidade política da Esplanada – tanto pelo orçamento graúdo quanto devido aos programas executados (dos quais, o Bolsa Família).

“O presidente Lula compreende a importância desse trabalho prosseguir e tem nos dado todo o apoio. Vamos seguir trabalhando muito, porque, além de cuidar dessa pauta do combate à fome, o presidente do Brasil é um líder mundial dessa pauta. Estamos integrados com outros países para uns aprenderem com os outros”, declarou Dias.

Durante a manhã, ele e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, também do PT, estiveram no Assentamento Dorcelina Folador, em Arapongas, na Região Metropolitana de Londrina (RML). A dupla visitou uma propriedade de agricultores familiares focada na produção olerícola e, em seguida, conheceu as instalações de uma cooperativa de laticínios. Ainda houve uma recepção organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

“Queremos trabalhar integrados. Município, estado, com as entidades, para que a gente possa alcançar bons resultados. O Brasil é um grande produtor de alimentos, nada justifica a fome. Por isso também o apoio ao produtor vai na direção de um custo mais em conta para o consumidor”, apontou Wellington Dias.

“TÊM ESPAÇOS COM MAIS NECESSIDADE”

Enquanto assentamentos como o Dorcelina Folador têm lugar na agenda ministerial para mostrar os resultados da lavoura, outros da região – como o Eli Vive, em Lerroville – convivem com demandas antigas, como a estrutura precária de estradas rurais que dificulta o escoamento da produção e obriga estudantes a ficarem em casa em dias de chuva.

Para a moradora do Eli Vive e coordenadora estadual do MST, Sandra Ferrer, o evento desta segunda serviu para “fazer cobranças” por uma “política pública que dê fortalecimento para a agricultura familiar”. “A ideia é mostrar essa estrutura toda para os ministros e dizer: ‘Oh, têm mais espaços com essa necessidade’. O Assentamento Eli Vive é um, tudo que a gente tem hoje é recurso das próprias famílias.”

“TUDO ERRADO” EM CPI

Perguntado pela FOLHA a respeito do encerramento dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o MST, Paulo Teixeira comentou que “deu tudo errado” na CPI. As atividades terminaram no fim de setembro. Porém, não houve tempo para a votação do relatório final elaborado pelo deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro (PL). Ficou, no entanto, a promessa da oposição de entregar um pacote de projetos para endurecer penas contra a ocupação de terras.

“A CPI não mostrou a que veio. Desde o começo apontamos, não tem um objeto para ser investigado, não tem algo determinado. Por essa razão deu tudo errado. Eles queriam desgastar o MST, o efeito foi contrário. Fortaleceram o MST”, disse o ministro.

RECEBIDOS POR BELINATI

Dias e Teixeira ainda estiveram em Londrina no fim do dia, quando foram até a Cozinha Comunitária Amigas do São Jorge, no bairro de mesmo nome, na zona norte da cidade. O prefeito Marcelo Belinati (PP) esteve entre as autoridades que receberam os ministros de Lula no local.