Lula recebe vaias e aplausos em marcha de prefeitos
Presidente anunciou novas regras para financiamento de dívidas e a manutenção da alíquota previdenciária de 8% sobre a folha de pagamento
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terça-feira, 21 de maio de 2024
Presidente anunciou novas regras para financiamento de dívidas e a manutenção da alíquota previdenciária de 8% sobre a folha de pagamento
Renato Machado e Victoria Azevedo Folhapress
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou na manhã desta terça-feira (21) da 25ª Marcha dos Prefeitos e reforçou ações do governo em meio a cobranças dos municípios.
Lula recebeu vaias de uma parte dos prefeitos, quando subiu ao palco, ouvindo gritos de "fora Lula". Na sequência, a movimentação foi eclipsada por uma onda de aplausos.
No discurso, o presidente falou sobre medidas de sua gestão, como um acordo para a desoneração da folha de pagamento anunciado na semana passada, em um contexto em que a pressão dos municípios vinha crescendo frente à questão.
O mandatário também mencionou novas regras para os municípios financiarem suas dívidas. Lula se comprometeu, com uma série de medidas para aliviar o aperto fiscal das prefeituras do país. Entre as medidas estão a manutenção da alíquota previdenciária sobre a folha de pagamento dos municípios em 8%, novas regras para financiamento de dívidas e precatórios e facilitação de acordos para transferências de recursos da União.
O presidente ignorou as vaias que recebeu ao subir o palco e elogiou a civilidade dos prefeitos, afirmando que eles não devem perder essa característica em momento de polarização.
"Não permitam que as eleições deste ano façam com que vocês percam a civilidade. Esse país está precisando de civilidade, de harmonia, de muito mais de compreensão", afirmou.
Lula participou da cerimônia e abertura da marcha que é organizada pela Confederação Nacional dos Municípios. Também estavam presentes os presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O presidente levou para o evento cerca de 20 ministros, entre eles Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Camilo Santana (Educação) e Simone Tebet (Planejamento).
O presidente falou sobre os termos do acordo sobre desoneração da folha de pagamento, que já havia sido divulgado na semana passada e que foi seguido de uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) a respeito.
"Depois de muita discussão, vou falar sobre a desoneração da folha dos municípios. O governo federal, junto com a STF, Câmara e Senado, estabeleceu a manutenção da alíquota da previdência dos municípios em 8%. Pedido realizado pela AGU [Advocacia-Geral da União] e a liminar concedida pelo ministro Cristiano Zanin na sexta-feira", afirmou o presidente.
"A liminar suspende o retorno da alíquota de 20 para 60 dias. A matéria será detalhada em projeto de lei 1847 apresentado pelo senador Efraim Filho, do União, e terá como relator o Jaques Wagner (PT-BA). O que é mais importante, companheiro Jaques, é que temos no máximo 60 dias para votar esse projeto de lei. Então vamos ter que trabalhar com muita urgência para que os prefeitos não sejam prejudicados", completou.
A principal reivindicação dos Executivos municipais, nesta marcha, é a desoneração da folha de pagamento dos municípios.
Na semana passada, o governo federal e o Congresso fecharam um acordo para garantir a desoneração das prefeituras em 2024 e buscar um acordo, no âmbito do Congresso Nacional, para que haja aumento gradual nos próximos anos.
Prefeituras que não têm regimes próprios de Previdência recolhem hoje 20% sobre a folha de pagamento dos servidores para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). O Congresso havia baixado o percentual para 8% para municípios com até 156 mil habitantes, índice que será mantido neste ano.
No entanto, ainda não há acordo sobre como será escalonado esse aumento no porcentual.
Em sua fala inicial, o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, reclamou que algumas entidades, como times de futebol e filantrópicas, não pagam os mesmos tributos. "Por que nós, que prestamos serviços para a sociedade, temos que pagar 22%? Nós temos que sentar e acertar", afirmou.
Lula também anunciou um novo calendário para as dívidas previdenciárias dos municípios e também novas regras para o pagamento de precatórios, mas não as detalhou.
"Novas regras para financiamento e dívidas previdenciárias dos precatórios. O governo apresentará novo prazo para dívidas previdenciárias dos municípios com renegociação de juros e teto máximo de comprometimento da receita corrente líquida", afirmou o presidente.
"O governo apresenta novas regras para pagamento de precatórios a fim de facilitar a liquidação dos mesmos e aliviar a conta pública dos municípios por meio de um teto máximo de comprometimento da receita corrente líquida do órgão", completou.
Lula também falou sobre o programa Minha Casa Minha Vida para municípios de até 50 mil habitantes, iniciativa que está em vigor desde novembro do ano passado.