Em um vídeo reproduzido hoje no 2º Encontro do Grupo de Puebla, em Buenos Aires, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a elite da América Latina é "muito conservadora" e "não aceita" a ideia de o povo pobre subir um degrau na escada das conquistas sociais. "Kirchner, Cristina, Lula, Evo, Mujica, Tabaré, Chávez já provamos que (a ascensão social dos pobres) é possível", disse, referindo-se aos ex-presidentes da Argentina Néstor Kirchner e Cristina Kirchner - recém-eleita vice-presidente -, aos presidentes da Bolívia, Evo Morales, do Uruguai, Tabaré Vázquez e José "Pepe" Mujica, e ao ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez.

O petista também parabenizou o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, que no último dia 27 de outubro venceu no primeiro turno a disputa contra Maurício Macri, que buscava a reeleição. Segundo Lula, o peronista pode implementar políticas para os mais pobres gerando emprego e distribuição de renda no país vizinho e, assim, "servir de exemplo" para outras nações da América Latina.

"Agradeço ao Fernández por ter ganho a eleição. É como se eu tivesse ganho aqui no Brasil, querido, tal é a alegria que eu fiquei", disse.

O Grupo de Puebla - que recebeu este nome em razão da primeira edição do evento, realizada em Puebla, no México - é formado por dezenas de líderes latino-americanos e realiza, desde ontem e até domingo, 10, o encontro na capital argentina sob o lema de um "Novo impulso progressista".

Estão presentes a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim e o ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante - todos cumprimentados por Lula em seu vídeo -, além de ex-presidentes latino-americanos como Mujica, do Uruguai, e Fernando Lugo, do Paraguai.

"Tenho o objetivo de constituir uma integração latino-americana muito forte", ressaltou o ex-presidente, que deixou ontem a prisão em Curitiba após ficar detido por 580 dias. "Ainda continuo com o sonho de construir uma Grande América Latina."

A exemplo do que havia dito ontem, logo após ser solto, em palanque montado em frente à sede da Polícia Federal em Curitiba, Lula celebrou estar "finalmente livre" e "com muita vontade de lutar". E voltou ao ataque: "Estou com muita disposição de andar o Brasil, de viajar a América Latina, e muita disposição de combater o lado podre do Poder Judiciário, o lado podre da Polícia Federal, o lado podre da Receita Federal, o ladro podre do Ministério Público, o lado podre da imprensa brasileira".