Há duas semanas, Luiz Inácio Lula da Silva reuniu os principais dirigentes do PT para fazer um aviso que deixou seus companheiros apreensivos: garantiu que não vai disputar nenhuma prévia com o senador Eduardo Suplicy (SP) e com o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, para indicação do candidato do partido à Presidência, em 2002. ''Não tenho dúvida de que se avizinha uma crise, porque Lula não está blefando'', afirma o presidente do PT paulista, Paulo Frateschi, amigo do líder petista há 20 anos.

Uma ala do PT acha que é preciso convencer Suplicy a desistir. Mas a cúpula tem outra carta na manga. ''Vamos inscrever Lula na prévia à revelia dele'', conta o secretário de Organização, Sílvio Pereira.

O assunto causa tanta dor de cabeça ao PT que várias reuniões já foram feitas. ''Não vou brigar'', diz Lula, na dianteira de todas as pesquisas, com mais de 30% das intenções de voto. ''Obviamente, só tenho interesse em ser candidato se houver, da parte do PT, o mesmo interesse.''

Dirigentes do PT argumentam que Lula não pode servir de ''outdoor'' para o prefeito de Belém se projetar. Mais: avaliam que um embate com Suplicy provocaria desgaste para a candidatura de Lula, uma vez que até a data da prévia prevista para 3 de março de 2002 o senador teria de ''marcar diferenças''.