São Paulo - O presidente Lula (PT) assistiu nesta sexta-feira (24) a um protesto de professores contra a interrupção pelo governo federal da negociação por reajuste salarial.

Num palanque oficial em Araraquara (SP), ele não respondeu diretamente aos manifestantes. Disse apenas que concorreu nas eleições de 2022 porque o país "estava sendo destroçado pelo negacionismo", em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

A fala ocorreu em meio a protesto de cerca de 40 professores um dia após o governo federal rechaçar a continuidade às negociações por reajuste salarial dos professores federais, atualmente em greve. O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos exigiu a assinatura de um acordo até segunda-feira (27).

"Lulinha, de coração, negocia com a educação" e "Ei, Lula, presta atenção. Negocia com a educação" gritavam os manifestantes.

No palanque, o presidente não fez referência aos protestos. Defendeu gastos do seu governo em educação, destacando o programa de incentivo financeiro para a permanência de estudantes de baixa renda no ensino médio.

"O que o pobre precisa é ter oportunidade", disse ele, no canto do palanque em que estavam os manifestantes.

"Vocês sabem que voltei a concorrer nas eleições porque esse país estava sendo destroçado pelo negacionismo. Por pessoas que não acreditavam em vacina, que receitava remédio. Esse país não podia continuar assim. Então, eu voltei e vou consertar esse país com apoio de vocês. Dar civilidade a esse país. As pessoas aprenderem a se respeitar."

Lula fez sua segunda visita na gestão a Araraquara, para assinar ordem de serviço para obras de R$ 143 milhões para prevenção a enchentes. Problemas climáticos, que causaram mortes no fim de 2022, motivaram sua primeira ida à cidade, quando transformou a prefeitura em gabinete de crise para coordenar a resposta aos ataques de 8 de janeiro.

A visita inicial de Lula começou a ser articulada no dia da posse, quando o prefeito Edinho Silva (PT), ex-ministro (Secom) de Dilma Rousseff (PT), foi a Brasília para a posse do petista e para conversar com os novos ministros sobre as chuvas na cidade. No fim de 2022, uma ponte foi levada pelas águas e seis pessoas de uma mesma família morreram quando o carro caiu na cratera que se formou no local.

No dia 8 de janeiro do ano passado, Lula foi a Araraquara (a 273 km de São Paulo) e a visita ao local em que a cratera foi aberta até ocorreu, mas a reunião de trabalho prevista para o gabinete de Edinho para discutir os próximos passos da recuperação na cidade foi suspensa para que o presidente coordenasse, da sala do prefeito, as conversas telefônicas com ministros para reagir aos ataques que ocorriam em Brasília naquele momento.

Nesta sexta, no Distrito Araraquara, Lula assinou a liberação para as obras nas regiões afetadas por enchentes. Antes, visitou a escola municipal Henrique Scabello, para acompanhar uma ação de saúde bucal com os alunos.

Os R$ 143 milhões de recursos federais serão utilizados nas três fases das obras, segundo a Prefeitura de Araraquara, que entrará com contrapartida de 1% (R$ 1,43 milhão).

O plano de macrodrenagem da Via Expressa e Reurbanização da Orla Ferroviária foi apresentado na noite de quarta-feira (22) no Distrito Araraquara, local que recebeu a visita de Lula nesta sexta. Participaram cerca de cem pessoas, entre políticos, empresários e representantes de entidades.

A obra é considerada a maior de infraestrutura na história do município paulista e tem como intenção solucionar os problemas de alagamento em regiões críticas da cidade.

Estão previstas obras para remodelação urbana, que incluem a reconstrução do canal da Via Expressa, novas pontes e quatro lagoas para conter alagamentos. As obras devem estar totalmente concluídas em 2026.

Já haviam sido liberados no ano passado R$ 5,1 milhões do governo federal para recuperar pontos atingidos pelas chuvas em dezembro de 2022, além de outros R$ 4,8 milhões do governo paulista.

Após deixar Araraquara, Lula foi à vizinha Guariba (a 339 km de São Paulo) para participar da inauguração da planta de produção de etanol de segunda geração na Usina Bonfim, da Raízen, principal grupo sucroenergético do país.