Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá ter uma reunião até sexta-feira (20) com o ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes do Exército, da Aeronáutica e da Marinha para discutir a modernização das Forças Armadas. O encontro ocorrerá uma semana depois de o petista ter demonstrado grande desconfiança com militares que trabalham na segurança do Palácio do Planalto devido à invasão das sedes dos Três Poderes.

Rui Costa (PT), ministro da Casa Civil, teve uma reunião com Múcio e os chefes das Forças Armadas nesta terça-feira (17) e anunciou que tentará encaixar na agenda de Lula uma reunião com os chefes dos militares até sexta. Ele defendeu punição a responsáveis por depredar os palácios de Brasília, mas disse que esse não foi o tema do encontro.

A reunião com Lula, segundo ele, também não terá essa finalidade. Costa afirmou que uma das possibilidades para alavancar os investimentos nas Forças Armadas é firmar parcerias público-privadas.

"Outras nações do mundo, por exemplo, nações grandes e desenvolvidas, fazem projeto de PPP para equipar suas Forças Armadas. Com isso, elas conseguem antecipar investimentos que se fossem depender apenas de recurso orçamentário anual não seriam possíveis", afirmou.

Segundo ele, o tipo de investimento que exige as Forças Armadas são adequados à realização de parcerias entre o Estado e a iniciativa privada por se tratarem de contratos de longo prazo. Além de Múcio, participaram da reunião o comandante do Exército, Júlio Arruda, da Marinha, Marcos Oslen, e da Aeronáutica, Marcelo Damasceno.

O chefe da Casa Civil também anunciou que Lula deve ter uma série de viagens em fevereiro. Ele disse que o objetivo é fazer "agendas casadas de inaugurações com lançamento de programas nacionais nas áreas prioritárias".

A previsão é que vá para o Rio de Janeiro para lançar um programa de redução de filas de cirurgias, para o Pará "anunciar a retomada de investimento público e aceleração de investimentos privadas em saneamento básico" e para a Bahia em inauguração de novos condomínios do Minha Casa Minha Vida.

40 MILITARES DISPENSADOS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dispensou 40 militares que atuavam na Coordenação de Administração do Palácio do Alvorada. A dispensa ocorre após o petista demonstrar desconfiança com a atuação de militares que trabalham no governo e em meio ao processo de adaptação da residência oficial do chefe do Executivo para receber Lula e sua família.

Na primeira semana de janeiro, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, concedeu uma entrevista à GloboNews em que reclamou da situação do imóvel deixada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ela mostrou tapetes rasgados, móveis danificados, rachadura em uma janela, entre outros pontos, e acusou a família Bolsonaro de não ter cuidado do local.

As dispensas dos 40 militares foram publicadas no Diário Oficial da União desta terça-feira (17). Na semana passada, em café da manhã com jornalistas, Lula deixou clara a desconfiança com a segurança e com fardados que estão no governo.

Primeiro, disse que optou por nomear pessoas de confiança para serem seus ajudantes de ordem porque não confiava em alguns militares nomeados no último governo por Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional).

Depois, afirmou acreditar em conivência de militares no dia em que bolsonaristas invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes, inclusive o Palácio do Planalto.

"Eu estou esperando a poeira baixar. Eu quero ver todas as fitas gravadas dentro da Suprema Corte, dentro do palácio. Teve muito agente conivente. Teve muita gente da PM conivente. Muita gente das Forças Armadas aqui de dentro coniventes. Eu estou convencido que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar porque não tem porta quebrada. Ou seja, alguém facilitou a entrada deles aqui", afirmou.

Os militares dispensados nesta terça seguem como integrantes das Forças Armadas, mas deixarão de receber a gratificação a que tinham direito por atuar na coordenação do Palácio da Alvorada.

No encontro da semana passada, Lula também reclamou que ainda não tem onde morar devido à situação do Alvorada deixada por Bolsonaro e também pela da Granja do Torto, que era ocupada pelo então ministro da Economia, Paulo Guedes, no último governo.

"Estamos vivendo em um momento sui generis, eu e a Janja ainda não temos casa para morar", disse.