RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) ensaiaram uma reaproximação em um encontro ocorrido em setembro, na sede do Instituto Lula.

Afastados desde as eleições de 2018, quando fracassou a tentativa de um acordo eleitoral para a Presidência, os dois falaram da necessidade de união da esquerda após a vitória do presidente Jair Bolsonaro, mas não chegaram a traçar planos conjuntos para as eleições de 2022.

Revelada pelo jornal O Globo, a reunião que consumiu uma tarde foi confirmada pela Folha de S.Paulo. O encontro foi intermediado pelo governador do Ceará, Camilo Santana (PT), preocupado com o clima entre os dois partidos no estado.

O governador petista defende um pacto de não-agressão no Ceará, onde PDT e PT são adversários na disputa pela Prefeitura de Fortaleza.

Antes de consumado o encontro, Ciro costumava relatar que se dispunha a conversar a pedido de Camilo, um dos participantes do encontro.

Segundo o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que acompanhou a negociação à distância, Ciro repetia que Camilo está muito preocupado com o cenário político.

"O foco é o Ceará", disse Lupi, sem descartar a costura, a partir dessa conversa, de acordos pontuais entre os dois partidos no segundo turno das eleições municipais.

Segundo relatos, os dois lamentaram o esgarçamento da relação entre os dois. Ciro se queixou dos ataques de parte do PT. Um dos pontos de atrito foi a articulação do PT para inviabilizar a aliança do PSB com o PDT nas eleições presidenciais de 2018.

Ciro, por sua vez, viajou após derrota e se recusou a apoiar a candidatura de Fernando Haddad no segundo turno contra o presidente Jair Bolsonaro. Hoje, os dois reconhecem que a falta de união garantiu a chegada de Bolsonaro ao Palácio do Planalto.