Lula diz que mundo caminha para 'fracasso coletivo'
Discurso de presidente na Cúpula do Futuro, em NY pede ainda reforma da ONU para que Nações Unidas cumpram seu papel
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domingo, 22 de setembro de 2024
Discurso de presidente na Cúpula do Futuro, em NY pede ainda reforma da ONU para que Nações Unidas cumpram seu papel
Ricardo Della Coletta/ Folhapress
NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) - O presidente Lula (PT) disse neste domingo (22) que o atual ritmo de implementação das metas de desenvolvimento sustentável acordadas pela ONU caminha para ser um fracasso coletivo.
Presidente fez um breve discurso em Nova York na Cúpula do Futuro, iniciativa lançada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para tentar costurar compromissos dos governos em áreas como clima, inteligência artificial e governança global.
Em sua fala, Lula defendeu a reestruturação dos principais órgãos multilaterais da atualidade para que eles reflitam a importância do autodenominado Sul Global, termo não oficial usado para se referir a nações em desenvolvimento.
Com o tempo rigidamente cronometrado, o microfone de Lula foi desligado quando ele excedeu os cinco minutos a que tinha direito. Ele continuou discursando até concluir a leitura de seu pronunciamento.
"Voltar atrás em nossos compromissos é colocar em xeque tudo o que construímos tão arduamente. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos e caminham para se tornar nosso maior fracasso coletivo. No ritmo atual de implementação, apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão atingidas dentro do prazo", disse o presidente brasileiro, em referência às 17 metas para promover a sustentabilidade, erradicar a pobreza e proteger o planeta até o final da década.
Lula também afirmou que as ações atuais para o combate ao aquecimento global são insuficientes. "Na COP28 [nos Emirados Árabes Unidos], o mundo realizou um balanço global da implementação das metas do Acordo de Paris. Os níveis atuais de redução de emissões de gases do efeito estufa e financiamento climático são insuficientes para manter o planeta seguro", disse.
O presidente brasileiro também usou a parte final de seu pronunciamento para defender a reformulação do sistema ONU e das instituições financeiras internacionais, para atender as demandas dos países em desenvolvimento.
"A maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir suas decisões. A Assembleia-Geral [da ONU] perdeu sua vitalidade, e o Conselho Econômico e Social foi esvaziado. A legitimidade do Conselho de Segurança encolhe a cada vez que ele aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades", declarou.
"As instituições de Bretton Woods desconsideram as prioridades e as necessidades do mundo em desenvolvimento. O Sul Global não está representado de forma condizente com seu atual peso político, econômico e demográfico", acrescentou.
Um dos principais objetivos da Cúpula do Futuro é reforçar o multilateralismo num momento em que a relevância da ONU enfrenta questionamentos por causa das crises geopolíticas da atualidade, como as guerras no Leste Europeu e no Oriente Médio.
Apesar disso, a efetividade do documento negociado, chamado Pacto para o Futuro, nasce sob desconfianças. As potências que têm assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, por exemplo, estão representadas por ministros, e não por seus governantes.