Roma - O destino de Cesare Battisti está mesmo nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF). Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na saída de um encontro com o premiê italiano, Silvio Berlusconi, que se a decisão da Suprema Corte foi ''determinativa'', o governo vai cumprir um eventual mandado de extradição do ex-ativista italiano de extrema esquerda.
A manifestação de Lula foi a mais clara feita durante seu giro pela Europa, iniciado no último sábado. Segundo o presidente, se os ministros do STF entenderem que Battisti deve ser extraditado, e que o Executivo não tem autonomia para alterar a sentença, então o ex-guerrilheiro do movimento Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) terá de cumprir pena na Itália, seu país de origem.
Referindo-se ao parecer do STF, cujo julgamento deve ser retomado nesta quarta-feira, Lula afirmou: ''Não existe possibilidade de seguir ou ser contra. Se a decisão foi determinativa, não se discute: cumpre-se''. O presidente, no entanto, evitou entrar em detalhes sobre o tema. ''Vamos aguardar. Eu não posso discutir hipótese com uma coisa que está em discussão na Suprema Corte.''
Na Itália, Lula enfrentou as diferentes tendências ideológicas do lobby que pede a extradição de Battisti. Antes de falar com Berlusconi, primeiro-ministro que lidera uma coligação de direita, o brasileiro já havia conversado sobre o ex-guerrilheiro no domingo, então com o ex-primeiro-ministro (1998-2000), atual deputado do Partido Democrático e líder da oposição, Massimo D'Alema. Na saída do encontro, D'Alema justificou sua postura sobre Battisti: ''É uma pessoa condenada em nosso país e é justo que cumpra a pena em nosso país. É normal. Ele está condenado por graves crimes, não por razões políticas'', disse o deputado, que é ex-membro do Partido Comunista Italiano.