Brasília - O presidente Lula (PT) afirmou nesta quinta-feira (15) que seu governo vai encerrar a fase em que ministros apresentam novas ideias e projetos, para iniciar uma etapa apenas para cumprir tudo o que foi pensado e planejado. A fala aconteceu na abertura da terceira reunião ministerial de seu governo.

"A gente vai ter que lançar esse programa [PAC 3], porque vocês sabem que daqui para a frente a gente vai ser proibido de ter novas ideias, a gente vai ter que cumprir aquilo que a gente já teve capacidade de propor até agora. A única coisa que pode mudar são a criação de escolas, porque cada vez que uma pessoa pede uma escola, eu vou dizer que nós vamos fazer", afirmou o mandatário.

"[Que] essa reunião possa dar para nós, sobretudo para os companheiros da Casa Civil, que recebe os projetos, que a gente possa sair daqui com a certeza que o governo já tem no papel e na cabeça tudo aquilo que a gente vai fazer até o dia 31 de dezembro de 2026.

O mandatário acrescentou que encontros anteriores trataram da reconstrução do país e da "briga do orçamento". Agora, acrescentou, só falta lançar os programas Luz para Todos e Água para Todos.

Lula ainda pediu melhorias na divulgação de políticas do governo pelos ministros. Em tom duro, pediu "educação" aos titulares da pasta, para que atuem em conjunto com a Secretaria de Comunicação da Presidência. E também empoderou o titular dessa pasta, o petista Paulo Pimenta.

"Vai ter [na reunião] uma discussão sobre a relação dos ministros com a Secom. É importante que a gente saiba que a gente pode fazer divulgação das coisas que a gente faz com muito mais profissionalismo se a gente tiver um mínimo de educação de fazer as coisas coletivamente", afirmou.

O presidente então repetiu uma cobrança aos integrantes da sua equipe, para que tratem as medidas como uma "política de governo" e que não são "política de cada ministro".

O encontro acontece em meio a críticas à articulação política e a pressão da União Brasil para a demissão da ministra do Turismo, Daniela Carneiro. O mandatário não abordou a situação da ministra em sua fala inicial, que foi transmitida pelos canais oficiais do governo. O restante da reunião será fechado.

Lula voltou a falar que o vice-presidente Geraldo Alckmin vai começar a realizar viagens ao exterior, para que ele possa ficar no Brasil para eventos domésticos e também para tratar de questões políticas.

"Não vou passar a palavra para o Alckmin, porque hoje ele não vai falar como vice-presidente, hoje ele vai falar como ministro da Indústria e Comércio para falar o que ele já fez e o que ele vai fazer daqui para a frente, porque ele vai ter que fazer algumas viagenzinhas no meu lugar para mim [sic] ficar mais aqui no Brasil".

A questão das viagens internacionais de Lula tornou-se um dos pontos de crítica, durante a tramitação da medida provisória que reestruturou a Esplanada dos Ministérios, quando houve o risco de derrota para o governo. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), chegou a sugerir ao petista que focasse mais no Brasil e se preocupasse menos com a América Latina.

Em um momento mais descontraído, Lula voltou a comentar a obesidade do ministro Flávio Dino (Justiça) mesmo já tendo sido criticado e acusado de gordofobia em comentários anteriores. "Essa reunião vai demorar pelo menos umas 6 horas ou um pouco mais. Não teremos almoço. O almoço será uma comida leve servida aqui na mesa, ninguém precisa se levantar. Enquanto um fala os outros comem e assim a gente vai se revezando a nossa degustação na hora do almoço", afirmou.

"O Flávio Dino também, mas nós vamos trazer pouca comida para ele", completou, enquanto que alguém, não identificado, comenta "isso é bulying".