Brasília - O presidente Lula (PT) defendeu a deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), cotada como nova ministra de seu governo, mas negou que tenha definido trocas até aqui.

"[Ela] tem condição de ser ministra em muitos cargos, mas, até agora, não tem nada definido. Não sentei para ficar pensando se vou ou não trocar ministro", disse.

"A Gleisi é um quadro refinado. Politicamente, tem pouca gente nesse país mais refinado que a Gleisi", completou, lembrando que ela já foi ministra da Casa Civil da ex-presidente Dilma Rousseff. Como informou a Folha de Londrina em sua edição desta quinta-feira (30), caso Gleisi vire ministra a vereadora londrinense Leni de Assis (PT) herdaria vaga na Câmara dos Deputados.

O petista concedeu entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto na manhã desta quinta-feira. A conversa aconteceu em meio à mudança na Secom (Secretaria de Comunicação Social), com a chegada do publicitário Sidônio Palmeira, que já alertou aliados que pretende dar mais visibilidade ao presidente.

No encontro, o presidente afirmou também que quem quiser derrotar seu governo precisará ir para a rua.

"Digo sempre que quem quiser derrotar o meu governo tem que aprender a fazer luta de rua [...] esse é meu tipo de governar e fazer com que as coisas deem certo no Brasil", afirmou.

"É mais fácil ficar na internet mentindo, mas é muito difícil ter coragem de ir para a rua e discutir com povo as coisas que estão acontecendo no país", seguiu.

Ele disse que quer derrotar "definitivamente a mentira" no país.

"Não é possível o que está acontecendo no mundo com a democracia. Na verdade, a democracia será a grande derrotada se a gente permitir o crescimento da extrema-direita como está a acontecendo", afirmou.

Participaram da entrevista os repórteres de veículos que fazem a cobertura diária do Palácio do Planalto. Dez profissionais foram sorteados para fazer perguntas ao presidente. Os veículos foram O Globo, Rede TV!, TV Meio Norte, UOL, R7, ICL, Rádio Gaúcha, Platô, Broadcast e Valor.

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A entrevista de Lula foi concedida na sequência de queda na avaliação do presidente em pesquisas recentes, ligando alerta no Palácio do Planalto. Levantamento da Quaest mostrou que pela primeira vez no terceiro mandato a avaliação negativa do governo Lula superou a positiva.

A pesquisa mostrou que 37% avaliam negativamente o governo, um crescimento de seis pontos em relação à última sondagem, em um intervalo de um mês e meio.

A gestão é considerada positiva por 31% dos entrevistados e avaliada como regular por 28%. Outros 4% não souberam ou não quiseram responder.

O governo colocou o preço dos alimentos como a principal prioridade neste início de ano, com o próprio Lula cobrando seus ministros durante reunião ministerial. As ações, no entanto, já começaram com ruídos após fala do ministro Rui Costa (Casa Civil) dizendo que o governo faria "intervenções" no preço, sugerindo medidas mais heterodoxas. O ministro depois recuou da fala.

Além disso, o governo deve enfrentar mais pressão com a possibilidade de um reajuste no preço do diesel, que pode impactar no preço do frete e dos produtos, além de dar margem para insatisfação de caminhoneiros, categoria com setores ligados ao bolsonarismo.

Lula afirmou que considera cedo para a realização de pesquisas de intenção de voto a respeito da corrida presidencial de 2026.

A fala vem poucos dias após ele próprio ter declarado que "2026 já começou" e também em um momento de queda na aprovação de seu governo.

Lula ainda acrescentou que não se importa com o resultado das pesquisas e que também considera prematura a divulgação de pesquisas de avaliação, considerando que seu mandato ainda está na metade.

"Você tem primeiro ano de governo. Como ganhou eleição, o povo tem muita expectativa e está tranquilo. No segundo ano, seja com presidente, governador, ou prefeito, começa o povo a ver se expectativa que ele tinha está sendo cumprida", afirmou o presidente.

"É preciso ter muita paciência. Primeiro que não sou um cara que se preocupa com pesquisa. Não é feita para gostar ou não, é para analisar, verificar se tem fundo de verdade e começar a fazer correções necessárias. É muito cedo para fazer pesquisa sobre 2026, muito cedo para avaliar o governo com dois anos de governo", acrescentou.

Em outro momento, o presidente também questionou os rumores sobre eventuais alianças no próximo ano. "Então, se o Republicanos vai me apoiar ou não em 2026, deixa chegar gente. Não vamos antecipar dois anos. O meu problema agora é fazer com que 2025 seja o ano da melhor colheita política desse país para o meu governo", afirmou