Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta terça-feira (17), no Palácio do Planalto, atletas paralímpicos que disputaram os Jogos de Paris deste ano, entre eles alguns medalhistas.

Lula afirmou no encontro que é obrigação do Estado oferecer estrutura para jovens portadores de deficiência praticarem as suas atividades.

"Quero assumir um compromisso público de que, enquanto eu for presidente da República, não faltará estrutura para que vocês possam se preparar, de manhã, de tarde, de noite. Que a gente possa colocar [no esporte] milhares de pessoas que têm problemas, que não têm dinheiro e gostariam de uma oportunidade", disse o presidente.

"Ou seja, quem tem que fazer isso é uma prefeitura, que tem que estar preparada para cuidar. Quem tem que fazer isso é o Estado, quem tem que fazer isso é o governo federal. A gente arrecada dinheiro do povo para administrar o país. Uma parte desse dinheiro pode ser revertida em forma de benefício para aquelas pessoas que querem trabalhar por este país, fazer o bem por este país", acrescentou.

O Brasil encerrou a participação na Paralimpíada de Paris com recordes de 89 pódios - 25 ouros, 26 pratas e 38 bronzes -, além do quinto lugar no quadro de medalhas do megaevento realizado na capital francesa, a melhor colocação brasileira na história da competição. Até então, os melhores resultados haviam sido alcançados nos Jogos de Tóquio, em 2021, e do Rio de Janeiro, em 2016, quando foram obtidos 72 pódios e a sétima colocação geral, em ambas as edições.

"É sempre muito difícil falar com vocês, porque eu acompanho a luta de atletas paralímpicos desde meu primeiro mandato em 2003. E a gente sabe da dificuldade das pessoas que não têm nenhuma deficiência e fica imaginando a dificuldade de uma pessoa que já tem problema e tem muito mais dificuldade de fazer qualquer coisa", afirmou Lula.

Lula também citou que muitas vezes não há a compreensão da família de que uma pessoa portadora de deficiência está apta para um determinado exercício.

"O governo não quer estar alheio a encontrar solução para os problemas, porque vocês merecem respeito e consideração. Nós não faltaremos ao amor, a dedicação, ao esforço de vocês por praticar o esporte", acrescentou o presidente.

Participaram do evento com o presidente 24 paratletas. Entre eles estava Petrúcio Ferreira, que é tricampeão paralímpico nos 100 m rasos na classe T47, para portadores de deficiência nos membros superiores. Outra participante foi Mariana D'Andrea, que conquistou a medalha de ouro no halterofilismo.

PLANEJAMENTO

Presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado atribuiu o histórico resultado ao planejamento estratégico proposto em 2017 e uma mudança de rumo na estratégia da entidade.

"A gente já tinha avançado até a sétima posição em Londres, no Rio de Janeiro, com 72 medalhas, mas a gente entendeu que era necessário fazer algo diferente. E, então, a gente passa a ir até as pessoas com deficiência, invertendo a lógica de desenvolvimento do esporte paraolímpico. Hoje, nós temos 72 centros de referência no país inteiro, e a nossa expectativa é de criar, nos próximos 8 anos, 560, de modo que a gente possa estar em 10% dos municípios brasileiros", disse o dirigente do CPB.

"Nós já tivemos a pátria do futebol. E hoje, depois de 89 medalhas, 23 de ouro, 24 de prata e 38 de bronze, eu tenho certeza que o Brasil é a pátria do esporte paralímpico", comemorou o ministro do Esporte, André Fufuca.

Dos 280 atletas paralímpicos que foram aos Jogos de Paris, 274 recebem o Bolsa Atleta, programa do governo federal.

"Eu vejo que graças aos meus patrocínios, Bolsa Atleta e Caixa Econômica Federal, eu consigo viver só do esporte e consigo me dedicar e trazer essa tão sonhada medalha", afirmou a atleta paulista Mariana D’Andrea, 26 anos de idade, que conquistou a medalha de ouro no halterofilismo, na categoria até 73 kg, a primeira mulher brasileira a conquistar um ouro olímpico nessa modalidade. (Colaborou Pedro Rafael Vilela/Agência Brasil)