Um cabo de guerra
A decisão de os políticos, de um modo geral, estarem a exigir a quebra do sigilo nas delações decorre de um posicionamento comum para enfrentar adversidades da Lava Jato. Há aí a consciência compacta de que é preciso agir em grupo, valendo-se da autonomia do poder como mais relevante do que o problema individual de senadores e deputados envolvidos e preservar-se ante possíveis estocadas do ativismo judicial. Ora o Executivo, até pela composição do seu ministério, enriquecida com o ingresso de Moreira Franco, também alvo da Lava Jato, alinha-se à mesma causa de enfrentar desafios possíveis daquilo que chamam sem hesitar de politização do Judiciário e criminalização da atividade política.
Ao terem como nítido o enquadramento de boa parte da fauna com as delações da Odebrecht, resolveram consolidar o esquema defensivo, armando-se também para a contraofensiva, com as eleições dos presidentes da Câmara e Senado, ambos citados nas investigações, argumentando que tudo é feito para as reformas de Michel Temer e a saída da recessão e retomada do desenvolvimento, e que dá para perceber que todo esse manancial de benemerências e salvacionismo estaria sob ameaça judicial.
Obviamente, esse tipo de linguagem, expungida da hipocrisia tradicional, faz ressurgir aquela afirmação de Talleyrand que a palavra foi dada ao homem para dissimular seu pensamento. O grito de reunião, de agregação mobilizadora, é o salve-se quem puder, mas que todos ponham a cara e se identifiquem na mesma quebra do sigilo para uma nova etapa, e quem sabe mais do que o arranque de um cão atropelado, como se referia Nelson Rodrigues, um esforço final para atingir aquilo que se tentou, em toda a passagem do tempo, para melar a Lava Jato.
O Judiciário negou a Lula a direito de assumir a Casa Civil por entender que a manobra visava colocá-lo sob a guarda do foro privilegiado, e agora se repete a mesma situação jurídica em favor de Moreira Franco, o "Angorá" da listagem de codinomes, e quem fica sob vigilância da opinião pública é a mais alta Corte do país se vier a ser provocada por um anunciado pleito de oposicionistas se é que já não aderiram à sedutora convocação para um pacto comum.

Repeteco
Na primeira gestão de Rafael Greca, e até mesmo antes, ele foi um dos maiores empenhados na despoluição visual da capital quanto a anúncios, faixas e adendos e agora acaba de apelar ao setor de urbanismo por uma nova cruzada na especialidade. Como se vê, essa disposição visa tirar do debate o reajuste do transporte coletivo que acatou em tudo a tese do cartel em torno da tarifa técnica. Se a tal referência cobre todos os custos do sistema (provavelmente há por incluir a especificidade da área metropolitana), com a nova tarifa de R$ 4,25 estaríamos diante de um quadro de sustentabilidade que dispensaria subsídios.
Quando das discussões em torno do metrô, falou-se num custo de R$ 5 por passageiro, técnicos da área empresarial do sistema sobre pneus afirmaram que o pagamento de R$ 4 por tarifa poderia gerar modalidade de catraca livre a todos indistintamente. Jamais imaginaram que poucos anos depois a tarifa técnica chegaria a R$ 4,57.
Com a decisão, volta o setor a ficar sob a suspeita da caixa preta ditada por imposição de uma relação pactual entre poder concedente e permissionárias que permitiu uma espécie de paz dos cemitérios.

Bancos podem fechar
Sindicalistas bancários, alegando falta de segurança com a greve de vigilantes ameaçam não comparecer ao trabalho nas agências. Uma espécie de dobradinha solidária, tal como no caso de motoristas e cobradores, em muitas vezes, sua greve se confunde com locaute, a omissão patronal à prestação do serviço.

Voar é preciso
A Casa Militar do governo estadual está preocupada com o contrato da Helisul e que teria gerado um prejuízo de R$ 800 mil em 2014. Cogitam da aquisição de um helicóptero. Bastou haver alguma folga com o aperto fiscal e as demandas aparecem e, em seguida, certamente virão outras. Isso se o Mauro Ricardo Costa afrouxar os controles.

Adiamento
Como a sessão de instalação da nova Comissão Executiva da Assembleia e agora a mostra do plano de governo aos cuidados do chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, o pessoal da APP teve que guardar energias para as próximas sessões, ansiosa que está em ocupar seus espaços de luta nas galerias. É a sequência da luta contra a perda de direitos, expressa na questão da aula-atividade.

Folclore
Estão falando novamente na frota do povo, que Requião montou para ter monitoramento de custos, mas que era exígua por sua limitação a oitenta unidades. Se a Urbs, que tem todos os dados do sistema, não teve competência para contestar a tarifa técnica é por que Curitiba voltou a ser gerida pela caixa preta do contubérnio público-privado em menor dimensão do que aquele da Petrobras, mais sinistro do que a esquerda que supostamente o sustentava.