Haja proselitismo
O Centro Cívico se fez ontem, mais do que em qualquer dia, numa fonte de benesses: pela manhã Ricardo Barros, ministro da Saúde, entregou cinco ambulâncias para o Samu e anunciou R$ 77 milhões para os municípios; à tarde, Beto Richa, em ato solene que contou com a presença de centenas de prefeitos, fez o repasse de R$ 400 milhões do ICMS para tirar nossas cidades do sufoco. A campanha eleitoral se fez apoteótica
A praça se transformou em cornucópia, aliviando as aflições da prefeitada. Num momento de crise geral e irrestrita, como a que estamos vivendo, nada mais justo do que comemorar em que pese o interesse imediato do ministro em dar um apoio à sua mulher, Cida Borghetti, vice-governadora e candidata à reeleição logo que substituir Richa e de outro lado, com mais ênfase, o governador também saindo-se aureolado no seu intento de ser senador com o farto e laureado distributivismo.
Tudo bem, o céu era de brigadeiro até ficou um pouco enfarruscado quando o ex-prefeito Gustavo Fruet, valendo-se das redes sociais, contestou o oba oba da Saúde, dizendo que dos R$ 77 milhões anunciados apenas R$ 62 mil eram novidade. E pelo jeito Fruet vai valer-se do sortilégio eletrônico para surfar a valer. Possivelmente, contestará, pelo lado moral, a nova da reintegração metropolitana do sistema de transportes que se traduz claramente em conceder ao novo prefeito Rafael Greca aquilo que se negou ao antecessor e gerou a ruptura.
Ainda que se possa ver uma carga de ressentimento na ofensiva do ex-prefeito, ela é muito importante para a mudança dos nossos hábitos políticos com a contestação imediata do festerê a que todos se habituaram, ampliando o grau de informação do público para que não prevaleça a versão chapa branca.

Solução darwinista
O burocrata da juventude peemedebista que apostou, como solução para os problemas carcerários, numa sequência ininterrupta de massacres entre facções, expressa a forma de pensar de muita gente, a crença numa espécie de guerra biológica e também a favor da pena capital ainda que a fragilidade do Poder Judiciário, pela perspectiva do erro mais do que na demora, aconselhe a sua não adoção.
O fato é que a questão carcerária é o exemplo mais marcante de anomia pela circunstância de se encontrar sob domínio do crime organizado e dividido em facções irreconciliáveis, mas evidenciando a falência absoluta do Estado que mal sabe prender, não tem como recuperar seus presos e ressocializá-los. Já não impressiona a ação de grupos externos como se deu anteontem em Piraquara com o ataque aos muros e reproduzido em escala menor numa cadeia pública em Telêmaco Borba.
É de estarrecer a sensação de impotência produzida por tais acontecimentos, ainda mais quando se percebe a incapacidade de previsão que denota a fragilidade manifesta dos tão proclamados sistemas de inteligência em ações que são de resgate, todavia ganham, por isso mesmo, a característica de ataque direto a uma instituição pública.

Posse
Vereadores presos de Foz do Iguaçu (operação "Pecúnia"), em função de liminar judicial, tomam posse nessa quarta feira na Câmara Municipal e depois retornam ao xadrez.

Multas
Em discussão proposta do vereador Felipe Braga Cortes, em Curitiba, a aplicação de multas a quem lançar lixo na rua: conforme o caso elas vão de R$ 157 até R$ 980. Muita gente coloca os detritos com tanto descaso, seja na acomodação em recipientes ou soltos na calçada, que deveria ser um dos primeiros objetos dessa campanha.

Porto Amazonas
Incluída no mapa das pequenas cidades merecedoras de absorção, no polêmico estudo do Tribunal de Contas, Porto Amazonas se irritou com a ´´classificação´´ lembrando, em manifestações pelas redes sociais, que detém posição privilegiada em Índice de Desenvolvimento Humano e uma condição excepcional em termos de saneamento básico, talvez um dos casos de maior interação.

Romaria
Quem fez escala em sua campanha para a presidência da Câmara Federal ontem na capital foi o seu atual dirigente, Rodrigo Maia, que contesta o veto da reeleição no argumento de que seu caso é de mandato-tampão.

Folclore
Como se diz que Gustavo Fruet teria sido derrotado na internet, em que pese a qualidade dos trabalhos do setor, inclusive premiados, resolveu valer-se desse instrumental para contestar coisas proclamadas como as de Ricardo Barros no Centro Cívico. Esperava-se que com a reintegração metropolitana do transporte (desde que conhecido o valor do subsídio), faça também a cobrança do que lhe foi negado. Para dourar a pílula, apelou-se à época a uma pesquisa de origem-destino dos usuários do sistema.