Dosagem da esperança
Uma das falhas mais gritantes da campanha de Gustavo Fruet foi a da extrema secura diante do quadro fiscal e que o impedia de fazer promessa. Ao contrário, os que se habilitaram ao segundo turno ampliaram e muito a dosagem da esperança, sempre necessária, ao eleitor. Quando da sua vitória, no pleito retrasado, Fruet foi pedalando tomar posse exaltando o cicloativismo e uma saída alternativa e saudável para a mobilidade. Rafael Greca preferiu fazê-lo de ônibus, já que não teremos o metrô, última expressão tecnológica da Volvo e sugerindo, antes e acima de tudo, a renovação da frota que os empresários do setor, apoiados na Justiça, se recusam a fazê-lo, alegando desequilíbrio nos contratos de concessão.
Anteontem, o prefeito eleito de São Paulo, João Dória, que é sofisticadíssimo em roupas de grife, vestiu-se de gari, usando a vassoura para limpeza de calçadas, como Jânio Quadros botou, em passado distante, o uniforme de funcionário da companhia de transportes urbanos de São Paulo, a CMTC, enquanto comia sanduíche no meio-fio.
Tanto na posse como antes dela e depois, a chamada cota de esperança deve ser dada ao povo e quem se incumbe de fixar-lhe os parâmetros são os alquimistas do marketing, olhados sempre como bruxos e mágicos, a despeito do mal que fazem principalmente ao cortejarem de maneira extrema formas de identificação na visão do populacho. Um corte epistemológico em tudo isso, no caso de Rafael Greca, foi a sua indisposição marcada por uma falta de ar e depois com problemas no trato respiratório. Mesmo com a saúde abalada, o novo prefeito tomou medidas no interior do hospital em que se tratava e, logo de cara, sua equipe teve que encarar o transtorno de enchentes localizadas, o que revela a vulnerabilidade do sistema de drenagem altamente comprometido da cidade por ter perdido as rotinas que sempre o caracterizavam desde os tempos do Departamento Nacional de Obras e Saneamento que tinha no seu comando o engenheiro Omar Sabag que também foi prefeito.

Reintegração
Greca anunciou que até julho estará restabelecida a integração dos ônibus em Curitiba e sua malha metropolitana. Antes disso, porém, terá um problema em fevereiro quando as tarifas serão reajustadas com a renovação do contrato coletivo de motoristas e cobradores sem falar em outros itens da planilha. Não terá as facilidades que Geraldo Alckmin, governador, assegurou ao seu apadrinhado João Dória, em São Paulo, no congelamento simultâneo de tarifas de ônibus, trens e metrôs, gesto reprovável e altamente demagógico para um país em crise, um tipo de irresponsabilidade que aqui não cometemos por tradição. Por sinal que se Beto Richa der a Rafael Greca, em termos de subsídio, o que negou a Fruet se dará mal. Carregar demais na dose de esperança, mesmo quando no meio disso tudo está a ambição presidencial ou política, não é bom para a saúde da democracia.

Proibição
Um dos novos vereadores da praça, a Fabiane Rosa, quer nada mais nada menos do que proibir fogos de artifício em Curitiba para não excitar os cães e não gerar queimados em humanos. Ideal seria, ao aprovar a lei, celebrá-la com uma bela queima de foguetes e morteiros é claro com os ouvidos da cachorrada protegidos.

Corte geral
Uma das imposições do momento por parte dos novos prefeitos - e isso se deu na capital e em Londrina - é o corte nos cargos comissionados, velha sedução dos empossados nas tradições do Bananão. Urge cortar fundo, como fizeram Greca e Belinati, no número de secretarias, mesmo que ponha em risco a trama da governabilidade. Governos estaduais deveriam entrar nessa, principalmente quando obrigam contribuintes e funcionários a sacrifícios extremos com os tais ajustes fiscais. Muito comum em casos, como o do governo estadual com o excesso de secretarias, é também a ocorrência de superposição e paralelismos na administração.

Entrega
Advogado de Marcelo Araújo anuncia que o seu cliente, dado como foragido pela polícia judiciária, vai se apresentar para responder ao processo.

Oposição
Câmara de Vereadores de Curitiba vai ter apenas três vereadores de oposição, dois do PMDB e um do PT, justamente os partidos mais agredidos pela conjuntura. Repete-se o quadro, ora mais agravado, vivido por Gustavo Fruet que obteve tudo o que queria do Legislativo, inclusive uma CPI que deu uma dura para valer no sistema de transporte coletivo, escudada ainda por uma auditagem do Tribunal de Contas.

Folclore
Um dos melhores apelidos de Curitiba foi o do cidadão que passou a conviver com a viúva de um magistrado e que evitava casar para não perder a pensão: juiz substituto.