Ciclo da punição
O normal no país é a impunidade, nossa rotina. Vivemos abruptamente uma nova etapa, a do ciclo da punição. De certa forma, até em nível internacional com a diretora gerente Cristiane Lagarde, do FMI, censurada por omissão por uma corte francesa quando respondia pela pasta de finanças do país. Duas cidades importantes do Paraná estão sem prefeitos: Foz do Iguaçu e agora Araucária, ambos presos, por desvio de recursos, a primeira por ação da Polícia Federal e a da Região Metropolitana de Curitiba pelo braço do Ministério Público, o Gaeco.
É claro que o polo mais relevante dessa etapa é a Lava Jato que ainda ontem liberou Luiz Eduardo Soares e Olívio Rodrigues, alcançados pela 26ª etapa da operação, depois de firmarem acordo de delação premiada. E é por circunstâncias como essa que os advogados de Eduardo Cunha temem que o seu deslocamento para o Complexo Médico-Penal, anteontem, vise justamente isso - o de levá-lo à delação que junto com a dos setenta e sete da Odebrecht traria o caos absoluto para a classe política, não se sabendo qual deles seria mais devastador.
O público dá o mais amplo apoio à novidade por entender que ela abre uma perspectiva nunca imaginável para colocar o país a limpo no enfrentamento da corrupção e esse tom acusatório ganha, por sua excepcionalidade, um rumo quase confessional, um tanto quanto religioso como se no desdobramento de uma cruzada, daí havendo o risco de desvios arbitrários. O alentado dossiê da Odebrecht já está nas mãos do ministro Teori Zavascki, do STF, que se dispõe a examiná-lo no decorrer do recesso do Judiciário. Enquanto isso, estreita-se cada vez mais o espaço do presidente Michel Temer para dar a arrancada para sair do atual marasmo recessivo em que pese o bom desempenho com a maioria parlamentar e os setores do capital, como a forte representação de entidades conservadoras, mas sem apoio da maioria esmagadora da população, cuja hostilidade é manifesta nas pesquisas de opinião e também na composição de seu corpo de auxiliares, referidos nas investigações.
De qualquer forma, um dos fiadores no projeto nacional é o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que fez palestra ontem na Universidade Positivo e que evidenciou sua expressão nacional e internacional no público presente de empresários, profissionais liberais e políticos que o prestigiaram na condição de figura maior da travessia que se tenta no Brasil.

Maníaco
Numa estação tubo central, a da Eufrásio Correia, na capital, uma jovem foi atacada por um homem que carregava uma seringa cheia de sangue. A vítima foi hospitalizada e teme-se de ação de um psicótico, tal qual ocorreu em São Paulo, tempos atrás, com o maníaco da seringa.

Verão
Já é sensível a redução do movimento no trânsito, indicativo claro de deslocamento em massa para as praias ou cidades do interior. Teme-se que as questões se agravem no fim de semana e com as festas de Natal, razão por que a Operação Verão entrou em vigor ontem com esforço de mobilização das polícias rodoviárias e da logística habitual para prevenir acidentes tanto nas estradas como nos balneários.

Fortim dos suábios
A colônia de Entre Rios, em Guarapuava, é uma das mais fortes expressões do cooperativismo entre nós. Todas as tentativas de transformá-la em município se frustraram pela resistência da cidade polo pela circunstância de representar cerca de 40% de sua renda. Fundada em 1961 no governo Munhoz da Rocha, que apostou na agricultura em áreas antes apenas de pasto, como se dá nos Campos Gerais, e fruto de intervenção de entidades de ajuda internacional, é constituída de um grupo apátrida de suábios e que se iniciou na triticultura e hoje se consolida com suas unidades agroindustriais, notadamente a cevada. No momento, em processo de implantação do ISO 14.001 em gestão ambiental, já a partir de janeiro de 2017 passará a exigir de todos os veículos contratados o laudo emitido pelo Inmetro ou pelo Programa Ambiental do Transporte-Despoluir. Número de veículos diários que passam pela cooperativa é de 200 e 300 e na safra de 700. Engajamento, pois, em gestão ambiental.

Saque de sempre
O cartel do transporte coletivo de Curitiba, uma vez mais, alega falta de recursos (aí repasses também da prefeitura) e não pagará trabalhadores, o que por sua vez os levará à greve e vale-se da transição de governo com o que fará da população refém de sua vontade. Caixa preta do sistema se impõe, apesar do Sindimoc estar enfraquecido com denúncias do Ministério Público de gestão corrompida.

Folclore
Várias vezes ocorreram greves ou locautes do transporte coletivo, mas só dois prefeitos, ambos de origem militar, major Ney Braga e general Iberê de Mattos, as enfrentaram de peito aberto, o segundo submetendo-as à humilhação da retomada dos ônibus que tinham sido deslocados para outros pontos da Região Metropolitana. O governador Lupion chegou, na escaramuça, a encampar o sistema, passando-o ao DER, o que foi derrubado na Justiça.