LUIZ GERALDO MAZZA
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018
Carnaval sem partido
Afora as marchinhas que mexem com o ministro Gilmar Mendes e um ou outro destaque do dia a dia, o fato de maior impacto foi no desfile da Paraíso da Tuiuti o presidente Michel Temer de vampiro do neoliberalismo. Concluiu-se que em função dessas charges, comuníssimas na prática momesca, estava aberto o campo para o debate do carnaval sem partido, como já tivemos o da escola sem partido.
Essa caricatura dos costumes, abrangendo os políticos, sempre foi uma constante para apoiar ou denegrir. Marqueteiros de Getúlio Vargas dominavam essas artes e tanto que no esforço de guerra, anos quarenta, fez-se uma em que o brasileiro era confrontado com Hitler. Era assim: "Quem é que usa um cabelinho na testa// e um bigodinho que parece mosca// só cumprimenta levantando o braço// e e e ê palhaço!// Quem tem o G que ficará na história// o V que levará à glória// e um sorriso que nos dá prazer// e e e ê vitória!//
Aquilo que tem pinta de espontâneo não o é tanto assim e isso ficou nítido, depois do exílio de Getúlio com o mandato de senador e sua volta gloriosa nos anos cinquenta, quando massacrou outro mito, o brigadeiro Eduardo Gomes, aquele dos onze do Forte de Copacabana. E veio "O Retrato do Velho", assim cantada "Bota o retrato do velho// outra vez// bota no mesmo lugar// o sorriso do velhinho// faz a gente trabalhar//"
Inevitável também que essas produções mexessem na questão social como a trajetória do pedreiro Valdemar : "Você conhece o pedreiro Valdemar?// Não conhece? Pois eu vou lhe apresentar// de madrugada toma o trem da circular// faz tanta casa e não tem casa pra morar!"
E assim se caricaturava a carência da população, como a da falta de moradia: "Há muito tempo não tenho onde morar// se é chuva apanho chuva// se é sol apanho sol/ francamente pra viver nessa agonia// eu preferia ter nascido caracol// levava minha casa nas costas muito bem// não pagava aluguel// nem luvas a ninguém// morava um dia aqui// o outro acolá// Leblon, Copacabana, Madureira ou Irajá//" E lá vinha a majestosa geografia do Rio para completar a marchinha.
Com humor, sem sinal de ressentimento, é claro que havia um tom pragmático de conformismo, a sabedoria enfim de que a mudança é lenta e sofrida. Como o é viver hoje no Rio em meio aos tiroteios da guerra urbana, o que não impede o enfrentamento da dura adversidade com alguma reserva de humor,
Unilever
Segunda maior anunciante do mundo, a Unilever (US$ 9 bilhões no ano passado) estaria cogitando retirar publicidade de plataformas como Facebook e Google na hipótese de elas gerarem divisão na sociedade. Preocupação da Unilever é evitar associação com estímulo ao ódio e conteúdo altamente tóxico nas principais plataformas. "Não podemos abastecer uma cadeia digital que entrega quase um quarto de nossos anúncios aos consumidores - que, às vezes, é pouco melhor que um pântano em termos de transparência", declararam em nota oficial. Anunciante, num mundo que impõe o engajamento, é agente também crítico e com direito a mexer no ordenamento das coisas.
Inércia rompida
A trava entre corporações policiais, e que eram o ponto mais agudo da crise na Segurança, parece ter sido rompida no quadro atual: em poucos dias em confronto foram mortos mais de dez suspeitos. Inevitável será, lá na frente, o conflito esperado com o Ministério Público, quase sempre inconformado com a mortalidade nesses choques.
Mobilidade
Segundo avaliações atualizadas o Paraná ganhou nas últimas décadas alento nas questões de melhora de nível de igualdade e recentemente saiu um trabalho do IBGE, na interpretação do Ipardes, mostrando a redução significativa da diferença de salários entre homens e mulheres.
Resistência
Não vai ser fácil vencer a resistência dos moradores da Praça do Japão, que não admitem a operação do ligeirão no local e pedem a intervenção do Ministério Público. Anteriormente reagiram contra o processo de calçamento da área e até no assentamento de bancos. Uma cidade, que outro dia pretendia instalar um metrô, tem que levar em conta as reações das comunidade em torno de impacto ambiental e urbano, como se dá neste caso. Se o bloqueio for mantido está prejudicado o corredor de transporte que se pretendia.
Corruptômetro
Como a onda da moda em função do mensalão e da lava-jato é o combate à corrupção é inevitável que a campanha eleitoral se volte para o tema e uma das sacadas é a criação do corruptômetro, que dará a definição gráfica do nível praticado. Hoje a visão é que nunca houve tanta fraude como agora, razão pela qual mal se sabia do que se dava anteriormente. O episódio do IPTU do prefeito de Londrina é bem a marca da compulsão investigatória dos nossos dias.
Folclore
Em meio à Guerra Fria, às vésperas de 1964 , um advogado da ultradireita prometia vender seus bens para armar-se contra o comunismo. Improvisei uma quadrinha musical como resposta ao apelo destemido. "Hipoteco meu teco-teco// a minha casa, o meu quintal// vou armar minha família// pra evitar que comunista me esculhambe o carnaval."//