As investigações do Ministério Público contra o deputado estadual Boca Aberta Júnior (Pros) geraram três pedidos de cassação do mandato dele, de seu pai, o deputado federal Boca Aberta (Pros) e de sua mãe, a vereadora de Londrina Mara Boca Aberta. O motivo das representações seriam supostas quebras de decoro parlamentar por atos que são investigados pelo MP.

A vereadora Mara Boca Aberta (Pros)
A vereadora Mara Boca Aberta (Pros) | Foto: Devanir Parra/CML

Segundo o advogado Mário Barbosa, que assiste o autor dos pedidos, Leonardo Cesar dos Santos, os documentos já foram protocolados na Câmara Municipal de Londrina e na AL (Assembleia Legislativa) do Paraná entre esta terça (8) e quarta-feira (9). O requerimento para a Câmara dos Deputados foi enviado pelos Correios e ainda não chegou ao destino.

Os argumentos do MP contra a “família Boca Aberta” têm como base denúncias de supostos desvios de materiais esportivos destinados a escolas de Londrina, adquiridos com verbas parlamentares obtidas por Boca Aberta Júnior, suposta divisão de parte dos salários de assessores e ex-assessores do deputado estadual para aquisição de cestas básicas, caixas de leite e fraldas para doação e supostos pagamentos de contas pessoais da família.

Tanto o deputado federal quanto o estadual negam as irregularidades - a vereadora foi procurada, mas participava de uma comissão no Legislativo londrinense para debater a lotação dos ônibus no transporte público local.

Os pedidos de cassação trazem trechos de depoimentos de ex-assessores do deputado estadual ao MP, nos quais eles alegam que foram coagidos, reproduções de vídeos dos produtos para doações, entre outras provas levantadas pelo MP - Emerson Petriv, o Boca Aberta “pai”, diz que as provas levantadas pelo MP são falsas.

Nos pedidos de cassação, o autor pede que as representações sejam encaminhadas aos conselhos de ética das respectivas Casas e o afastamento cautelar imediato dos parlamentares durante o eventual processo de inquérito.

Outro lado

O deputado estadual Boca Aberta Júnior - apelido de Matheus Viniccius Ribeiro Petriv - considera que o pedido não tem procedência porque se baseia em suposta quebra de decoro. “Isso só pode ocorrer em plenário. Não existe quebra de decoro no que faço fora da AL”, argumenta.

Ele também diz que, como foram as denúncias contra seu pai e sua mãe, adversários políticos da família não perderiam a oportunidade de tentar tirá-los da vida pública. “Depois da ação do MP, esse [representações] era o caminho natural. Mas, das preocupações que eu tenho, essa é a menor neste momento”, afirma.

O deputado estadual ainda diz que o pagamento de IPTU (imposto Predial e Territorial Urbano) de um imóvel da família que aparece na conta de um assessor foi paga em dinheiro a ele, para que fosse ao banco quitar o boleto, que os supostos desvios de kits esportivos não foram confirmados nem pela Secretaria Estadual de Esportes e nem pela Controladoria-Geral do Estado - ele enviou à reportagem cópia digital do documento da CGE - e sustentou que a suposta “rachadinha” eram, na verdade, doações dos assessores, formando uma corrente do bem em meio à pandemia, mas que não eram obrigatórias.

Matheus e Emerson Petriv - o Boca Aberta “pai” - questionam, ainda a legitimidade das testemunhas elencadas nas representações, que trazem ex-assessores parlamentares e pessoas ligadas a adversários políticos. “São pessoas exoneradas para disputarem a eleição e que, depois, vieram exigir seus postos de volta”, diz Matheus,

Para Emerson Petriv, esta é mais uma tentativa de tirar sua mulher da Câmara de Vereadores - a cassação beneficiaria o ex-assessor parlamentar Márcio Aurélio Elesbão, o “Capoeira”, primeiro suplente de Mara Boca Aberta, que é uma das testemunhas elencadas nas petições. Mara, aliás, já teve outro pedido de cassação impetrado por Leonardo César dos Santos, que acabou arquivado.

Para o deputado federal, aliás, não há qualquer possibilidade de quebra de decoro por parte de Mara porque os supostos fatos elencados pelo MP ocorreram antes da posse da vereadora.

Emerson Petriv também riu da suposta rachadinha para adquirir alimentos e outros produtos para doação. “Nunca vi rachadinha pra doar cestas básicas. Rachadinha é quando o parlamentar pega parte do salário dos assessores para ele. Nós não ficamos com nada, eles [assessores] doavam para os produtos doados. Se houve rachadinha, foi com o povo. E eu prefiro ser cassado por fazer rachadinha com o povo do que por corrupção”, afirma.

Sobre a representação a caminho da Câmara dos Deputados, Emerson Petriv disse que vai pegá-la e, usando termos impublicáveis, descreveu o uso como papel higiênico.

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