Imagem ilustrativa da imagem Londrina tem número recorde de candidatos a vereador
| Foto: CML/Imprensa/ Devanir Parra

Londrina tem número recorde de candidatos a vereador nessas eleições municipais de 2020. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), 565 pessoas irão disputar uma cadeira na Câmara Municipal, um crescimento de 61,89% em comparação com as eleições 2016, quando foram 349 candidatos na disputa. Ou seja, aumentou em 216 os nomes colocados à disposição do eleitorado londrinense em comparação com o último pleito. O prazo para registro terminou neste sábado (26) e apenas a chapa do Republicanos não foi atualizada no site do tribunal, mas o partido informou à FOLHA que listou 21 nomes para o Legislativo.

Esta será a primeira eleição municipal sem as coligações, regra que permitia partidos formarem blocos para o lançamento de candidatos a vereador e foi estipulada pela emenda constitucional 97/2017 para os cargos proporcionais. A composição só vale para disputa majoritária para prefeito e vice.

A exclusão da composição de siglas para disputa do Legislativo teve influência direta para os partidos individual apresentarem mais nomes para poder disputar nesta campanha. Nos pleitos anteriores a média de candidatos ao parlamento em Londrina foi de 350 a 400 candidatos.

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Para o professor de ética e filosofia política Clodomiro Bannwart Júnior, a mudança na regra eleitoral tende a exigir um esforço concentrado dos partidos, de forma isolada, na conquista do voto. "O impedimento das coligações nas eleições proporcionais teve como objetivo evitar o “efeito Tiririca”, situação em que muitos candidatos são eleitos, não por votos próprios, mas pela expressiva votação conquistada por terceiros, os chamados 'puxadores de votos' personalidades ou pessoas carismáticas que, em razão do apelo popular, somam quantidade exorbitante de votos capaz de eleger outros tantos candidatos da coligação".

O analista político pontua ainda que o fim das coligações mitigará a proliferação dos partidos nanicos que sobreviviam, em boa medida, das coligações com outros partidos, sobretudo, os maiores, para negociações de espaço no rádio e na televisão e, igualmente, de cargos políticos.

Bannwart avalia que o partido que tiver nomes nos seus quadros com forte apelo social e boa penetração em determinados segmentos da sociedade poderá levar vantagem. "Os partidos na esfera municipal não têm tradição na formação de quadros, sendo que a atuação dos partidos limitam-se a servir de expedientes cartoriais para a viabilização das condições de elegibilidade daqueles que desejam exercer sua capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado). Por esse motivo, os partidos políticos tenderão a apostar em pessoas carismáticas que, em razão do apelo público, possam trazer resultados numéricos satisfatórios."

Questionado sobre se o fim das coligações reflete na representatividade, o professor diz que poderá melhorar. "Visa fixar uma relação mais estreita entre candidatos e partidos. O sistema proporcional é pensado sob a ótica dos partidos políticos e não dos candidatos. E talvez aqui resida um problema da política brasileira que, via de regra, as pessoas votam em candidatos e não em partidos. O sistema proporcional é uma importante engenharia de equilíbrio da representação política, desde que os partidos tenham protagonismo na sociedade e sejam valorizados pelos eleitores."

O sistema proporcional é, na verdade, uma repartição aritmética dos votos conquistados tanto pela legenda quanto pelos candidatos, segundo o especialista. "É um sistema que depende de dois mecanismos fundamentais, pouco compreendidos: o quociente eleitoral e o quociente partidário".

Em 2016, por exemplo, o quociente eleitoral para eleger um vereador foi de 13.444 votos por coligação. Para alcançar o quociente eleitoral, divide-se o número de votos válidos apurados no pleito pelo número de vagas - 19 na Câmara de Londrina. Já o quociente partidário, divide-se o número de votos válidos obtidos pela legenda pelo quociente eleitoral.

Segundo o advogado especialista em direito eleitoral, Alexandre Melatti, não dá para precisar qual será o quociente para cada partido conquistar uma cadeira. "A estimativa é que aumente para 14,5 mil votos o quociente para um partido conquistar uma vaga, mas não dá para precisar o número de votos que um candidato precisará ter, depende do desempenho de cada chapa."

MULHERES

São 171 mulheres na disputa em Londrina, 30,2% do total. Ou seja, os partidos cumpriram à risca a exigência legal. "É também uma oportunidade de as siglas reforçarem as candidaturas femininas que poderão resultar em uma renovação profícua muito esperada na política." conclui Bannwart.

Com 19 vagas disponíveis, a média é de 29,7 candidatos por vaga. Se a disputa na Câmara de Vereadores fizesse parte do vestibular da UEL, por exemplo, seria o quarto curso mais concorrido, ficando atrás de Medicina com 170 por vaga, Biomedicina (36) e Psicologia (33), segundo dados do último teste da instituição.

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