Londrina pode perder 23 mil eleitores com títulos cancelados
O município, segundo maior colégio eleitoral do Paraná, ultrapassou novamente a marca de 400 mil eleitores
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 06 de maio de 2025
O município, segundo maior colégio eleitoral do Paraná, ultrapassou novamente a marca de 400 mil eleitores
Douglas Kuspiosz - Reportagem Local

Um grupo de mais de 23 mil eleitores de Londrina pode ter o título cancelado por não justificar as ausências nos últimos três turnos. No Paraná, esse número chega a 350 mil pessoas. As regularizações podem ser feitas até 19 de maio no Fórum Eleitoral - hoje, Londrina possui 401.380 pessoas aptas a votar, mas o número pode diminuir caso as regularizações não ocorram.
Entre as ZEs (Zonas Eleitorais) de Londrina, a 157ª é a que tem mais eleitores faltosos: 7.126. Na sequência aparecem a 41ª ZE, com 6.253; a 146ª ZE, 5.689; e a 42ª ZE, 4.172. Em Tamarana, que faz parte da 146ª ZE, 410 eleitores podem perder o título.
De acordo com o juiz eleitoral Mauro Ticianelli, ultrapassar a marca de 400 mil eleitores é um marco que consolida Londrina como segundo maior colégio eleitoral do Paraná. Na eleição municipal de 2024, 399.730 londrinenses estavam aptos a votar, mas a taxa de abstenção foi recorde: 27,77% no primeiro turno (111.016 pessoas) e 30,94%, no segundo (123.662 eleitores).
“Mostra a grandeza da cidade, mostra o interesse do jovem de novo. Mas o número final, mesmo, vai ser no dia 20 de maio, pois será divulgado o total de títulos cancelados”, afirma o magistrado, que destaca que a Justiça Eleitoral está disponível para atender à população.
A regularização é importante porque é um dos requisitos legais para, entre outras coisas, participar de concurso público, bem como tomar posse no cargo; receber remuneração de cargo público e obter passaporte ou carteira de identidade.
Na avaliação de Ticianelli, o alto número de londrinenses prestes a perder o título é um reflexo do direito à abstenção que, inclusive, vem aumentando ano a ano. O resultado do pleito de 2024 ligou o alerta na Justiça Eleitoral.
“O eleitor, então, prefere deixar de votar seguidas vezes e tem o título automaticamente cancelado, somente percebendo isso mais adiante, quando de fato precisa da certidão de quitação eleitoral para a posse em cargo público, abertura de empresa, matrícula em escola e faculdade, ou emissão de passaporte”, pontua. “Mas as verdadeiras causas da abstenção, dessa inércia, apatia ou desinteresse, derivam de diversos fatores.”
Para regularizar o título de eleitor, a pessoa deve acessar o Autoatendimento Eleitoral nos sites da Justiça Eleitoral ou o aplicativo e-Título e fazer o pagamento dos débitos existentes. Outra alternativa é comparecer presencialmente no Fórum Eleitoral de Londrina, no horário de expediente.
‘NÃO ESTAMOS APROVEITANDO’
Para o professor e cientista político Elve Cenci, a marca de 400 mil eleitores evidencia a força política de Londrina que, no seu ponto de vista, é subaproveitada.
“Nós temos um colégio eleitoral muito expressivo, mas não estamos aproveitando isso. Não temos uma boa posição política no estado, não influenciamos na eleição para governador, não temos nomes competitivos”, acredita. “É uma boa notícia, mas não estamos aproveitando isso para nos posicionarmos politicamente no estado e fazer valer nossa força política.”
Cenci acredita que a “desistência” de muitos eleitores ainda é reflexo de notícias falsas de que os pleitos são fraudados e que a urna eletrônica pode ser manipulada.
“Muitos eleitores acreditam nesse tipo de fake news que, apesar de ser uma conduta criminosa, tem encontrado adesão junto a muitos eleitores”, diz o cientista político, que também fala em “descrença em relação à capacidade política de resolver problemas cotidianos”. “Muitas pessoas buscam resolver seus problemas por conta própria e desacreditam as saídas coletivas como formas de resolução de conflitos e de problemas da sociedade”, completa.

