Londrina, outras cidades de médio porte do país e várias capitais serão palco neste sábado (2) de atos organizados por partidos políticos, manifestantes de movimentos sociais e sindicatos contra o governo Bolsonaro e que pedem o impeachment do presidente. Essa é a primeira grande manifestação convocada por frentes de esquerda após o 7 de setembro, que foi marcada por atos pró-presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e com pautas atacando os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Em Londrina, a organização é do Coletivo de Sindicatos e Comitê Geral Unificado, principalmente de movimentos sociais mais à esquerda, a partir das 15h, no calçadão (centro), em frente do Teatro Ouro Verde, e contará com apresentações artísticas.

Já em algumas capitais do país, como na Avenida Paulista, em São Paulo, por exemplo, a mobilização contará com membros de 21 partidos de diversos espectros políticos deste PT, MDB e PSOL a Podemos, PSDB e Novo. Vale lembrar que partidos como Novo, Cidadania e os tucanos do Paraná realizaram junto com o MBL (Movimento Brasil Livre), no dia 12 de setembro, na Boca Maldita, em Curitiba, um ato pela "terceira via", mas a manifestação foi de baixa adesão.

Além do pedido de impeachment do presidente, a manifestação de 2 de outubro inclui pautas como desemprego, falta de moradia e as mortes por Covid 19. "É a primeira grande manifestação após os atos antidemocráticos de 7 de setembro e a gente volta com ainda mais força. Isso porque as pessoas viram que esse presidente é perigoso. Além de um governo desastroso na economia, com gás, luz e gasolina e aumento da pobreza extrema, esse governo foi genocida na saúde, como mostraram articulações reveladas na CPI. A nossa pauta é o 'Fora Bolsonaro' e pela democracia. Queremos vacina no braço e comida no prato", informou um dos organizadores do evento em Londrina, Venancio Oliveira, que é presidente do diretório municipal do PSOL.

Segundo ele, na cidade o diálogo entre os partidos de esquerda com os de centro-direita é menor. "Partidos como o PDT e o Cidadania nos procuraram. Os demais partidos não vieram conversar com a gente. Nós não cedemos em relação às pautas econômicas. Entretanto, independente das preferências político-eleitorais das pessoas, a gente espera que elas se somem a nós, ou seja, estamos convocando todos, independente de quem a pessoa irá votar como opção em 2022. A nossa bandeira é a bandeira do Brasil. Eles [bolsonaristas] sequestraram nossa bandeira. Eles são uma minoria, irritante e fanática e que não podem impor a ditadura da ignorância, do retrocesso e do caos econômico."

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Londrina e Região, Valdir de Souza o desemprego, a fome, a corrupção, o aumento do custo de vida e negacionismo do governo são os motivos principais para convocar londrinenses a saírem às ruas. "São motivos mais que suficientes para exigir o impeachment do presidente”, disse.

SEM 'CENTRÃO"

Um processo de impeachment contra Bolsonaro, se fosse levado a plenário pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), não teria votos suficientes para ser aprovado só com as legendas à esquerda. Mesmo com o apoio da centro-direita, ainda seria necessária a adesão de pelo menos um dos grandes partidos do centrão, como o PP de Ricardo Barros, para reunir, formalmente, os 342 votos necessários para que a Câmara autorize a abertura da ação.

Com isso, o cenário hoje é favorável à continuidade do presidente no cargo. Partidos que chegaram a ensaiar um descolamento do Planalto após as manifestações no 7 de Setembro acabaram tirando o pé do acelerador após a carta retórica de Bolsonaro escrita em parceria com o ex-presidente Michel Temer (MDB) e que garantiu sobrevida ao governo. (com Folhapress)