O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), participou nesta quinta-feira (11) da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) Itinerante, durante a 62ª ExpoLondrina (Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina). Em entrevista coletiva, ele tratou da importância do fortalecimento do agro, a manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido), acusado de ser mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), em 2018, e os próximos passos do chamado “PL das Fake News”.

Ao ser questionado sobre a suposta articulação de seus aliados contra o parecer para manter Brazão preso, e um possível enfraquecimento da sua liderança com a derrota, Lira teceu críticas ao ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, a quem chamou a "desafeto pessoal" e "incompetente".

“Essa notícia foi vazada pelo governo, basicamente do ministro Padilha, que é um desafeto, além de pessoal, e incompetente. Não existe partidarização. Eu deixei bem claro que ontem [quarta-feira] a votação foi de cunho individual, cada deputado é responsável pelo voto que deu. Não tem nada a ver", disse. "É lamentável que integrantes do governo, interessados na instabilidade da relação harmônica entre os poderes, fiquem plantando essas mentiras, essas notícias falsas que incomodam o Parlamento. E depois, quando o Parlamento reage, acham ruim."

O presidente reforçou que os deputados apenas decidiram se Brazão deveria ou não continuar preso. A votação terminou 277 votos a favor e 129 contra, apenas 20 acima dos 257 necessários para manter a prisão.

“Só foram 20 votos acima do mínimo. A Câmara deixou clara que está incomodada com algumas interferências do Judiciário no seu funcionamento, sem nenhuma proteção a criminosos. Nós não podemos pré-julgar. O julgamento do deputado acontecerá agora no Conselho de Ética e na Justiça”, acrescenta.

Lira também comentou a decisão de criar um grupo de trabalho para propor uma nova versão do “PL das Fake News”. Ele lembra que o assunto está pendente há anos no Congresso e que o PL n° 2630/2020 não consegue avançar.

“Não adianta a gente insistir em um texto que está estigmatizado como texto da censura, texto da falta de liberdade de expressão, texto da interferência”, dizendo que sempre que a Câmara lançou mão de grupos de trabalho, os resultados foram positivos. “Não temos nenhum tipo de preconceito ou dificuldade em tratar de qualquer assunto, contanto que ele tenha andamento.”

COSTUMES EM PAUTA

O presidente ainda defendeu que sua gestão tem dado “equilíbrio” para evitar a polemização causada pelas pautas de costumes mais radicais.

“Temos que administrar uma Câmara de pessoas que pensam diferente, que são eleitas por setores diferentes, que representam ideologicamente todos os partidos. A gente sempre procura equilibrar os pensamentos, as votações, as discussões, de maneira que todos os partidos e parlamentares possam se sentir representados”, frisou.

CONTATO COM PRODUTORES

O presidente da FPA, deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), ressaltou que o evento itinerante busca garantir que os produtores tenham acesso à bancada “que representa efetivamente os interesses dos produtores rurais”. A primeira edição ocorre em Londrina, mas haverá edições nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Tocantins.

Tratando das pautas paranaenses, Lupion diz que há casos específicos que precisam de atenção, como as demarcações indígenas no Oeste e as invasões de terras.

“O ministro do Desenvolvimento Agrário [e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira] anunciou uma prateleira de terras em que nós não aceitamos expropriação de terras. Se quiser tirar terra de produtor legítimo e legal, vai ter que pagar e indenizar”, afirma o deputado.

Outro ponto importante são as dificuldades enfrentadas pelos produtores de leite do Paraná. Para Lupion, é preciso encontrar, no governo, uma solução para os problemas - ele cita, como exemplo, a proibição da importação do leite argentino.

Também estão em pauta o novo Plano Safra, que o deputado diz que vai depender “de algo próximo de R$ 20 bilhões de equalização de juros para os bancos”, o seguro agrícola e a ajuda aos produtores que sofreram com a quebra de cerca de 20% da safra paranaense. “Estamos em uma crise em que os preços das commodities despencaram, mas o custo continua extremamente alto”, finaliza.