Maior universidade estadual do Paraná, a UEL é uma das intituições públicas que convivem com falta de maiores investimentos em pesquisa e extensão
Maior universidade estadual do Paraná, a UEL é uma das intituições públicas que convivem com falta de maiores investimentos em pesquisa e extensão | Foto: Saulo Ohara/20-8-2018

Curitiba e Londrina – O líder do governo Ratinho Junior (PSD) na AL (Assembleia Legislativa) do Paraná, Hussein Bakri (PSD), negou que a administração estadual planeje cortar recursos das universidades estaduais, como fez o presidente Jair Bolsonaro (PSL) com as federais. Segundo ele, o que se pretende é “otimizar” os investimentos.

“O Paraná é um dos Estados que mais investem nas universidades. O que o governador quer é trazer as universidades para mais perto, otimizar os investimentos; quer que elas participem mais do dia a dia do cidadão. Temos de parar com esse negócio de que, na visão do povo, as universidades só pedem e o governo diz não. Tem uma distância quilométrica nisso”, diz Bakri.

O parlamentar defende ainda que as instituições públicas vendam seus serviços, como forma de aumentar a arrecadação. “As universidades têm uma expertise muito grande em todos os setores. Elas podem ser parceiras do Estado em diversos estudos, com diversos profissionais participando. E por que não a Assembleia aprovar algum tipo de ganho a mais das universidades? Por que elas não podem vender serviço?”, questiona.

“Já conversei com os reitores e estou disposto a mediar esse debate. Agora, o fato concreto é que o Estado não tem aguentado mais. Estamos vivendo um momento em que grande parte dos entes federativos não tem mais certeza de nada. Estão todos dentro do limite prudencial. Quem garante que a receita vai melhorar? Então, qualquer movimento de investimento, de contratação a mais impacta nesse problema. Temos de torcer para que o País saia dessa crise política que estamos vivendo e que volte a crescer normalmente”, completa.

Na última sexta-feira (17), Ratinho Junior (PSD), em visita a Londrina para o lançamento do projeto Escola Segura, havia negado que a situação das universidades estaduais seja parecida com o que passam as instituições federais. “Nós estamos tratando de uma forma muito técnica. Ninguém vai prejudicar as universidades. Sabemos da importância que elas têm. O que nós queremos é fazer com que elas possam colaborar ainda mais com o desenvolvimento econômico, social do Estado, e elas estão dispostas a poder fazer isso. E, claro, buscar sempre mais transparência, eficiência de gestão, e isso nós estamos fazendo junto com elas”, explicou o governador.

Na tarde de terça-feira (21), a deputada estadual Luciana Rafagnin (PT) pediu, via requerimento, ao governador e ao superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona, que revejam o contingenciamento de recursos para custeio das universidades estaduais. Ela também solicita que o governo desobrigue as universidades de utilizarem dinheiro próprio para darem conta do pagamento de despesas de custeio.

DIÁLOGO

A discussão entre a administração das universidades e o governo do Estado está sob controle. É o que afirma Fátima Padoan, reitora da Uenp (Universidade Estadual do Norte do Paraná) e presidente da Apiesp (Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior Público). “No início do ano, houve um contingenciamento de 20% no orçamento, o que já ocorreu em anos anteriores, assim entendemos não se tratar de cortes de recursos. Isso acontece todos os anos e está relacionado à preocupação do governo em relação às receitas. Já fomos inclusive informados de que o orçamento será cumprido”, adianta Padoan.

A principal preocupação do grupo de reitores, no entanto, é quanto à negociação com o governo sobre a desvinculação da receita. Pois sua incidência que prevê a retenção de 30% das receitas próprias reflete na execução orçamentária. “Isso pode inviabilizar o pleno funcionamento das atividades universitárias. No entanto, fizemos uma reunião com a Casa Civil, a Fazenda e o diretor de Ensino Superior e saímos bastante otimistas. Apresentamos as dificuldades que enfrentamos e as nossas necessidades”, conta a reitora, que compara a situação com o panorama enfrentado pelas universidades federais. “Todos os reitores estão habituados a trabalhar com contingenciamento, mas o que faltou foi diálogo para dar a chance das universidades poderem opinar e explicar suas particularidades”, conclui.