Libanês pode revelar o destino de Maurício D.
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terça-feira, 11 de janeiro de 2000
Libanês pode revelar o
destino de Maurício D.
Paulo San Martin
Especial para Folha
O libanês Elias Mikhael Kanaan, acusado de evasão de divisas e tráfico internacional de armas, é a peça chave do esquema de Maurício D., o homem de muitos nomes e nenhum rosto, uma das pessoas mais procuradas pela CPI do Narcotráfico da Câmara Federal. Kanaan seria também o elo entre o crime organizado no Brasil e a máfia libanesa. A Polícia Federal descobriu que ele é primo e mantém negócios há vários anos com Sami Kahwaji, que mora no Líbano, considerado a ligação entre a máfia libanesa e a máfia italiana. Maurício D. é responsável pelo megaesquema de lavagem de dinheiro no Brasil, revelado com exclusividade pela Folha em novembro.
O deputado Robson Tuma (PFL-SP) e o delegado Federal Paulo Lacerda confirmaram ontem que a ligação do esquema de Kanaan com Maurício D. vinha sendo investigada em sigilo pela CPI e pela PF desde novembro. Na semana passada, parte do esquema de Kanaan começou a se tornar público, a partir de denúncias que apontam ligações suas com o deputado federal Wanderley Martins (PDT-RJ) veja ao lado.
Kanaan já foi envolvido em um processo por tráfico de armas para o Oriente Médio em 1995. Em julho daquele ano, em uma agenda apreendida em sua casa, a polícia encontrou o telefone do deputado Wanderley Martins. Em novembro passado, o nome de Kanaan reapareceu nas investigações da CPI. Procurávamos desvendar o esquema de Maurício D. e descobrimos que a Elistur, casa de câmbio de Kanaan, era utilizada por ele para lavagem de grandes somas de dinheiro, afirmou Tuma.