Imagem ilustrativa da imagem Justiça marca interrogatório de réus da Password para dezembro
| Foto: Gina Mardones - Arquivo Folha

O juiz Délcio Miranda da Rocha, da 2ª Vara Criminal de Londrina, marcou para o dia 14 de dezembro a audiência de instrução do processo penal no âmbito da Operação Password, que investiga um suposto esquema de fraudes de IPTU em Londrina. Entre os réus a ser interrogado está o empresário Rodrigo Vieira dos Santos, que foi preso na segunda-feira (13) pela Polícia Civil suspeito de ser o mandante do assassinato do empresário Carlos Azarias. Morto em junho do ano passado, Azarias também era apontado pelo Ministério Público como o líder da organização criminosa.

Segundo a Polícia Civil, o homicídio seria um acerto de contas entre dois réus da Password. Isso porque o suspeito considerava Azarias culpado por ele ter tido o nome incluído na operação e os bens bloqueados pela Justiça - por consequência, teria cobrado do empresário o ressarcimento pelo suposto prejuízo financeiro, segundo conversas apreendidas em um telefone celular.

Além de Santos, serão interrogados 27 réus, entre eles os servidores públicos suspeitos de executarem as fraudes de dentro da Prefeitura de Londrina no setor de Cadastro Imobiliário da Secretaria de Fazenda. Camila Azarias, filha de Carlos Azarias, era à época estagiária da Prefeitura e suspeita de apagar os débitos. Também será ouvido Marcos Paulo Modesto, ex-gerente do setor que foi demitido do cargo em março deste ano, e o servidor público Claudinei Sisner (ex-supervisor), que sofreu punição mais branda após responder a um PAD (Processo Administrativo Disciplinar) conduzido pela Corregedoria do Município.

O PROCESSO

Além dos réus, a Justiça deverá ouvir a partir de dezembro as testemunhas de acusação e defesas. Segundo o Gaeco (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado), as fraudes ocorreram entre 2015 e 2017, e teriam causado um prejuízo aos cofres do município de R$ 1 milhão. Os denunciados respondem pelos crimes de organização criminosa, inserção de dados falsos em sistema de informações e estelionato.

Segundo o promotor do Gaeco Leandro Antunes, os réus já apresentaram defesa prévia e o processo está nessa fase instrutória, de coleta de provas. "Após a realização das audiências com as oitivas, na sequência teremos alegações finais pelas defesas."

A defesa de Rodrigo Santos nega acusações de autoria do homicídio e informou que já entrou com pedido de habeas corpus para revogar a prisão do empresário no TJ (Tribunal de Justiça). "O que a Polícia tem é uma conversa ríspida entre o meu cliente e o Azarias por conta de uma transação de um imóvel. O Azarias envolveu meu cliente nessa questão do IPTU e ele teve os bens bloqueados pela Passoword. Eles se desentenderam antes da morte, mas essa discussão não implica que ele seja o mandante do homicídio. A própria família diz que Azarias tinha inúmeros inimigos," disse o advogado Giovanei Bandeira.

A FOLHA tentou contato com os advogados de Camila Azarias, mas não obteve sucesso. O ex-servidor Marcos Modesto está sem defesa constituída no processo. Já o advogado Jefferson Dias Santos, que defende Claudinei Sisner, informou que irá demonstrar que as fraudes ocorridas no setor de cadastro não foram determinações do encarregado. "Nos processos administrativos já restou comprovado que não houve culpa e no fato citado sequer prejuízo ao município porque o débito foi retificado". Dias disse que tentará ainda um habeas corpus para retirada do cliente do processo da Password. Sisner sofreu apenas a punição de suspensão e não atua mais na chefia do setor fiscal, mas permanece como servidor municipal.