A Justiça Federal no Pará decretou a indisponibilidade dos bens da ex-funcionária da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), Maria Auxiliadora Barra Martins, uma das principais envolvidas em fraudes. Além dela, seu marido e os dois filhos não podem movimentar o patrimônio familiar, composto, entre outros itens, de dois aviões, sete fazendas e cinco empresas. A AGU estima que os bens dela estão avaliados em R$ 7 milhões.
O pedido foi feito pela Advocacia Geral da União (AGU) e atingiu outras cinco empresas ligadas à ex-funcionária, como a AME, o principal escritório que assessorava projetos financiados pela autarquia, a Amazon Consultoria e Projetos, Tegrasa Terra Grande Agropecuária, Fazendas Santa Teresa e Santa Isabel e Vitória Régia. Sete fazendas no Pará e no Amapá também foram bloqueadas, sendo que uma delas é suspeita de ter recebido recursos públicos, também de forma irregular.
Entre os clientes de Auxiliadora estava Márcia Cristina Zaluth Centeno, atual mulher do presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), que passou a contabilidade do Ranário Touro Gigante, que teria recebido R$ 6,9 milhões da Sudam, para a ex-funcionária. Atualmente, eram dela pelo menos 80% dos projetos financiados na área da Transamazônica – quase todos irregulares. Auxiliadora trabalhou na autarquia até 1995, quando saiu para abrir o escritório.
A indisponibilidade dos bens de Auxiliadora era uma das preocupações da Polícia Federal para prosseguir nas investigações. O procedimento chegou a ser discutido na semana passada entre o delegado Hélbio Dias Leite, que cuida do inquérito sobre as fraudes na Sudam e técnicos da AGU. A AGU e a PF estão tentando também a indisponibilidade dos bens de Geraldo Pinto da Silva, que possui um escritório de assessoria semelhante.
Presa no mês passado pela Polícia Federal, Maria Auxiliadora ficou apenas dois dias na cadeia. Ela foi libertada por meio de um habeas-corpus concedido pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, e não chegou a prestar depoimento na PF. Para a polícia, ela é a principal testemunha de todo o esquema de fraudes na Sudam. ‘‘Sem dúvida é uma peça-chave de todo o grupo’’, diz o procurador da República em Tocantins, Mário Lúcio de Avelar.