Juntos, candidatos à Prefeitura de Londrina têm patrimônio de R$ 3,2 milhões
Valores são referentes à declaração de bens encaminhada pelos prefeituráveis à Justiça Eleitoral
PUBLICAÇÃO
sábado, 24 de agosto de 2024
Valores são referentes à declaração de bens encaminhada pelos prefeituráveis à Justiça Eleitoral
Douglas Kuspiosz - Reportagem Local
Os candidatos à Prefeitura de Londrina têm, juntos, um patrimônio da ordem de R$ 3,2 milhões. A declaração de bens de cada um dos prefeituráveis é disponibilizada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) através do portal DivulgaCandContas. Nas declarações constam bens em nome próprio, como casas, apartamentos, chácaras, fazendas, carros e motos. Além disso, os políticos também precisam declarar os valores de participações em empresas, negócios próprios, saldos em contas correntes, poupanças, ações em bolsa e outras aplicações.
O advogado eleitoral Frederico Reis afirma que a declaração de bens é uma exigência que tem por objetivo “o controle do status financeiro do candidato, a partir do momento que ele ingressa na vida pública”.
“Busca evitar a utilização de cargos públicos como forma de enriquecimento ilícito. Interessante é que você não precisa colocar a declaração de Imposto de Renda, é uma declaração de bens”, afirma Reis, que aponta que, na hipótese de autofinanciamento do candidato, “a Justiça Eleitoral pode saber se ele tem condições ou não”.
O ex-prefeito Homero Barbosa Neto (PDT), que concorre pela coligação “Quem manda é o povo” (PDT/Federação Psol/Rede), é o candidato com maior patrimônio declarado à Justiça Eleitoral: R$ 1.345.273,82. O bem de maior valor são quotas ou quinhões de capital da Rádio Brasil Sul, no valor de R$ 572.273,82. Também foi declarada a participação societária na rádio, com valor de R$ 330 mil, uma casa de R$ 400 mil e um lote de R$ 43 mil. Em 2022, quando concorreu a deputado estadual, os mesmos bens foram declarados. Há quatro anos, quando foi candidato a prefeito, o patrimônio era de R$ 3.014.881,15.
"Tudo o que eu tenho é fruto, única e exclusivamente, do meu trabalho. Não sou herdeiro, embora eu não veja nenhum problema na sucessão familiar. Fui bancário e o salário da classe não é segredo para ninguém. O trabalho como radialista e a TV vieram depois. Hoje é da rádio que eu me mantenho. E acredito ser muito óbvio que a empresa não é nenhuma mina de ouro", afirma o candidato do PDT. "Portanto, explicar essa redução tão significativa no meu patrimônio, em um curto período, não é difícil quando se tem que arcar com custas processuais de valores exorbitantes."
O policial militar Coronel Villa (PSDB), candidato da coligação “Sou mais Londrina” (Federação PSDB/Cidadania), está em sua primeira eleição. Ele declarou R$ 279.972,00: um automóvel de R$ 140 mil, um terreno em Bela Vista do Paraíso, de R$ 94.972,00, e uma motocicleta no valor de R$ 45 mil.
"Eu sou uma pessoa que veio de origem humilde. Eu não tenho nem imóvel. O imóvel que eu conquistei eu passei para o meu filho. O patrimônio que eu conquistei foi através da velha prática de se guardar dinheiro na poupança", aponta Villa.
A educadora Isabel Diniz, candidata a Federação Brasil da Esperança (PT/PCdoB/PV), declarou R$ 311.283,65. Os bens de maior valor são uma casa de R$ 210 mil e uma poupança de R$ 57.530,18. Também foi informada a propriedade de um carro de R$ 34.950,00, uma poupança de R$ 8.445,30 e saldo em conta corrente. Nas eleições de 2022, quando concorreu a uma vaga na Assembleia Legislativa, Diniz declarou R$ 244.636,36. Em 2020, quando foi candidata a vice-prefeita, eram R$ 224.415,51.
Ela afirmou que, desde 2020, o crescimento do seu patrimônio foi de menos de R$ 90 mil, "fruto da revisão da planta de valores dos imóveis, da valorização do carro e de um suplemento absolutamente condizente com meus ganhos como educadora no período".
DEPUTADOS
Candidato do Republicanos, o deputado federal Diego Garcia informou um patrimônio de R$ 37.745,83 à Justiça Eleitoral. O valor é de saldos bancários e títulos de capitalização. No pleito de 2022, quando foi reeleito, Garcia declarou R$ 916.060,99, maior parte referente a um apartamento financiado e um veículo, que estão no Imposto de Renda da sua esposa.
"Nesta eleição de 2024, não foram incluídos os bens que constam na DIRPF da minha esposa, uma vez que a legislação eleitoral exige a declaração apenas de bens em nome do candidato. Não houve qualquer ocultação de patrimônio e, para que não reste dúvida, solicitei a retificação junto à Justiça Eleitoral, para que incluam a DIRPF da minha esposa, entregue à RFB", afirma.
Candidato da coligação “Cuidar de Londrina” (MDB/PRTB/PSB), Tercilio Turini (MDB), que é deputado estadual, declarou um patrimônio de R$ 936.157,76. O bem de maior valor é um empréstimo de R$ 340 mil concedido ao filho. Também há um empréstimo de R$ 200 mil para sua filha, uma caminhonete de R$ 35 mil, um veículo de R$ 70 mil, uma casa de R$ 192.750,00 e saldos bancários. Quando concorreu à reeleição em 2022, seu patrimônio era de R$ 821.554,46.
Turini ressalta que continua com os mesmos veículos e imóvel desde 2022. "Perfeitamente compatível [com a remuneração de deputado]. Não comprei nenhum bem novo, nem carro novo eu comprei. São os mesmos imóveis, mesmos carros que eu tinha na época", aponta.
Já o candidato da coligação “A Londrina que queremos” (PRD/PL/PSD/Agir/Avante/União), Tiago Amaral (PSD), que também é deputado estadual, declarou R$ 239 mil à Justiça Eleitoral: um veículo de R$ 138,5 mil, um automóvel de R$ 95 mil e R$ 5,5 mil aplicados em previdência privada. Em 2022, foram declarados R$ 212.523,51. “Como é possível perceber, é uma evolução dentro da normalidade", diz Amaral.
EX-SECRETÁRIA
Ex-secretária de Educação, Professora Maria Tereza (PP) , candidata da coligação “Pra Londrina seguir crescendo” (PP/Podemos), informou R$ 75.353,24 ao TSE. O valor é referente a um automóvel de R$ 56 mil e saldo em conta corrente. A última disputa da candidata foi em 2016, a vice-prefeita de Ourinhos (SP). À época, um carro de R$ 30 mil foi informado ao TSE.
TRANSPARÊNCIA
O juiz Mauro Ticianelli, da 157ª Zona Eleitoral de Londrina, destaca que a declaração de bens é um dos elementos de identificação do eleitor com o candidato.
"É uma exigência concreta para cumprimento dos princípios da publicidade e transparência que a lei eleitoral exige de toda candidata ou candidato, para qualquer cargo. É tão importante que está acima até do sigilo protegido pela Lei de Proteção de Dados Pessoais. Toda cidadã ou cidadão tem acesso à declaração de bens de todos os candidatos pela ferramenta DivulgaCandContas, na página oficial do TSE", completa Ticianelli.