Curitiba - O ex-governador do Paraná e ex-prefeito de Londrina, José Richa, 69 anos, morreu na madrugada de ontem no Hospital do Coração (HCor), em São Paulo, onde estava internado desde o dia 20 de novembro. Os médicos detectaram infecção pulmonar, que evoluiu para uma pneumonia.
De acordo com nota divulgada pelo HCor, Richa morreu em decorrência de insuficiência respiratória, ocasionada por infecção pulmonar e broncopneumonia. Ainda segundo o hospital, ele era portador de diabetes melitus e pneumonia intersticial fibrosante.
O governador Roberto Requião (PMDB) decretou luto oficial de três dias no Estado. O ponto nas repartições públicas foi facultativo ontem. Em Londrina, o prefeito Nedson Micheletti (PT) também decretou luto oficial.
Em um avião fretado, o corpo chegou a Curitiba às 10h40 da manhã de ontem, no aeroporto do Bacacheri, e foi velado no Salão Nobre do Palácio Iguaçu, no segundo andar. Família, amigos e políticos nacionais e do Paraná estiveram no Palácio e no enterro. O movimento foi grande, principalmente à tarde. Houve até fila na porta do salão. Por volta das 16h30, o caixão foi fechado ao som de violinos. A Guarda Municipal fez a escolta do cortejo no Cemitério Parque Iguaçu, no Barigui, e um helicóptero jogou pétalas de flores.
Requião lembrou que Richa iniciou a construção da Usina de Segredo, permitindo que o Paraná se tornasse superavitário em energia elétrica. O ex-senador José Serra disse que conversou com Richa há alguns dias, mas ele já estava respirando mal. ''Eu lembro da vitalidade dele. Mesmo quando envolvido na atividade política mais intensa, não deixava de lado os outros aspectos da vida. Era um grande orador, comprometido com a reforma política, com a tolerância democrática.''
Euclides Scalco, ex-presidente da Usina de Itaipu Binacional e amigo de Richa, mostrou bastante tristeza durante o velório no Palácio Iguaçu. ''Entrei com ele aqui em 1983, e hoje (ontem) infelizmente ele sai.''
O presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB), lamentou a morte de Richa, que foi um dos fundadores do PSDB, e lembrou da história política recente. ''Estamos juntos desde o MDB. Ele teve uma trajetória política muito importante. Ele foi candidato a governador e teve uma vitória histórica naquela ocasião, após um período revolucionário. Pela sua forma de agir, sua humildade, foi muito bem quisto pelos paranaenses.''
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estava nos Estados Unidos e telefonou para a família. O presidente nacional do PSDB, José Aníbal, esteve no velório e lembrou que Richa, além de ter fundado o PSDB, coordenou a campanha de Mário Covas à presidência, em 1989. O ex-governador Jayme Cannet Junior lembrou que Richa ''fez amigos no Brasil todo''. O ex-governador Jaime Lerner (PSB) e aliados também estiveram no velório, entre eles o prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi (PFL).
José Richa deixa a mulher, dona Arlete, três filhos (entre Beto, vice-prefeito de Curitiba) e cinco netos.

''Richa foi um excepcional governador.'' Roberto Requião

''Londrina está de luto. Richa representa, para todos nós, o espírito empreendedor que construiu essa grande cidade. Era o realizador que possuía os tributos da seriedade e honestidade, que norteiam os grandes homens públicos deste país.'' Nedson Micheleti

''Eu considero o Richa um dos políticos mais influentes da história do Paraná e do Brasil. Sou grato porque foi ele quem me trouxe à vida pública, quando fui presidente do Café do Paraná (hoje Codapar). Foi um político que respeitou companheiros e adversários''. Osmar Dias

''Teve trajetória de significado especial. Participou da redemocratização do País. Tivemos um rompimento natural, por ele ter deixado o PMDB para fundar o PSDB. Sempre tive palavras para enaltecê-lo, mesmo nos momentos de divergências.'' Alvaro Dias, senador

''É uma perda ao Paraná e ao cenário político. Tinha trânsito grande na política local e nacional e se destacou pelo espírito conciliador''. José Eduardo Andrade Vieira