João Arruda quer se firmar como candidato da oposição
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quinta-feira, 13 de setembro de 2018
Guilherme Marconi <BR> Reportagem Local
A candidatura de João Arruda (MDB) foi uma das últimas definidas nas convenções partidárias de agosto para eleições de 2018. Com a desistência do ex-senador Osmar Dias (PDT), o partido lançou Arruda, às pressas, como um dos dez nomes na corrida ao Palácio Iguaçu. Quarto entrevistado da série de sabatinas da FOLHA com os postulantes ao governo, o deputado federal se apresenta como oposição aos candidatos da ala 'governista'.

Sobrinho do senador Roberto Requião, ele pertence a uma das mais longevas dinastias políticas do Paraná, mas considera sua campanha uma novidade pois seria a "ruptura" ao governo Beto Richa (PSDB). Arruda alega que não está amarrado às ideologias de Requião. Entretanto admira a independência política do tio, característica que considera ter herdado.
O candidato do MDB pretende revogar a lei que promoveu mudanças da ParanaPrevidência, o regime estadual dos servidores. Sua aprovação levou à batalha campal no Centro Cívico entre policiais militares e professores no fatídico 29 de abril de 2015. Este episódio foi bastante explorado por Arruda na entrevista a seguir, da mesma maneira que foi usado nos seus programas eleitorais no rádio e na televisão. "Nós não estamos prometendo ou nos comprometendo no período eleitoral com qualquer ajuste ou reajuste, mas me comprometo a ter uma relação sincera com todos os servidores."
Ouça a entrevista completa feita com João Arruda e com os demais candidatos no podcast da FOLHA de Londrina no SoundCloud:
O candidato também deixou uma mensagem aos leitores da FOLHA:

SEGURANÇA PÚBLICA
O candidato criticou as péssimas condições de trabalho da Polícia Científica no Paraná e prometeu ampliar as patrulhas rural e escolar. "Não dá para dizer que vamos fazer um concurso novo agora. Mas enquanto não temos esse efetivo, nós precisamos dar mais condições de trabalho. Isso significa colete à prova de bala que não esteja vencido, significa armamento e manutenção dessas viaturas."
PEDÁGIO
Questionado sobre qual modelo pretende adotar com o fim da concessão do pedágio em 2021, Arruda disse que votou pelo fim da possibilidade de prorrogação dos contratos estabelecidos na década de 1990. "A gente terá que fazer uma nova licitação. Teremos um longo período para debater com especialistas e instituições para chegar num pedágio mais barato e que as empresas cumpram suas contrapartidas. E só não cumprem hoje porque não tem fiscalização. Vamos fazer uma concorrência pública para que fique transparente quanto será usado para investimento e qual a taxa de administração do serviço."
GOVERNABILIDADE
Arruda foi questionado sobre como irá construir a governabilidade na AL (Assembleia Legislativa), já que tem hoje apenas três partidos coligados na sua chapa. "Fui eleito coordenador da bancada do Paraná, 30 deputados e três senadores. Isso passa pelo PSDB, DEM, PP até o PT. Todos me apoiaram. Não tenho problema com nenhum deles nem com parlamentares, nem com os partidos. Todos vão entender que queremos um projeto sério para o Paraná e que vamos executar quando assumirmos o governo. O que não pode é o jogo fisiológico do toma lá da cá. Eu respeito a oposição, ao contrário do que aconteceu comigo. Eu poderia ter ajudado mais ainda, mesmo o descaso do chefe do Executivo com a bancada do Paraná. É preciso ter uma boa articulação política tanto com a Assembleia quanto com os deputados federais."
ALIANÇAS
Arruda foi questionado se as declarações de Requião em defesa do ex-presidente Lula poderiam atrapalhá-lo na disputa com a polarização atual. "É preciso unir forças neste momento. Agora não penso que seja uma eleição nacionalizada. O MDB tem um candidato, que é Henrique Meirelles, é o meu candidato. Sobre o que outros apoiaram não cabe a mim julgar. Eu cumpro o que foi definido por um processo democrático em convenção." Ainda sobre alianças com o PDT, Arruda disse que está claro que eles têm candidato próprio, o presidenciável Ciro Gomes, que visitou o Paraná ao lado de Requião.
OLIGARQUIA X NOVO
Questionado sobre a falta de renovação e por pertencer a um dos mais longevos clãs políticos do Estado, Arruda alegou que se orgulha da trajetória de Requião. "Eu me lancei candidato ainda quando Requião apoiava a candidatura do PDT. Essa independência é uma característica que me faz admirá-lo e também se tornou minha característica. Pode olhar minhas votações no Congresso. Quero aproveitar alguns programas na área de atuação do governo Requião, como da Era Lerner o conceito que ele tinha sobre as cidades. Eu respeito também a postura de José Richa, o Richa bom que tinha ótima relação com os servidores. Quero também reconhecer o investimento da época de Paulo Pimentel nas universidades estaduais. Eu represento a ruptura dos candidatos que estão ai, sou a renovação a esse grupo. Ou seja, um quadro novo, mas que tem por trás uma bagagem da experiência do MDB."
29 DE ABRIL
O candidato do MDB tentou responsabilizar por várias vezes no seus programas de rádio e televisão a batalha campal do dia 29 de abril de 2015, no Centro Cívico, em Curitiba, os candidatos Cida Borghetti (PP), então vice governadora, e o ex-secretário de Desenvolvimento Urbano, Ratinho Junior (PSD). Na entrevista à FOLHA, voltou a criticá-los. "Não acho justos esses candidatos vestirem a máscara de independentes depois de terem ficado no governo este tempo todo. Eles não se apresentam como são, isso é desleal."
PREVIDÊNCIA
O candidato disse que o primeiro ato, caso eleito, será revogar a lei aprovada em abril de 2015 após batalha campal entre professores e a Policia Militar que mexeu no fundo da Previdência. "Esse dinheiro nunca foi destinado para estar no orçamento do Estado. O fundo foi criado para preservar o orçamento do Estado para o futuro. Com a retirada mensal dos R$ 140 milhões do fundo para se pagar inativos, temos déficit todos os anos. E não teremos o dinheiro do fundo para pagar os aposentados."
REAJUSTE DOS SERVIDORES
"Nós não estamos prometendo ou nos comprometendo no período eleitoral com qualquer ajuste ou reajuste. Eu preciso tomar pé da situação financeira do Estado. Me comprometo a ter uma relação sincera com todos os servidores e discutir em processo transparente assim que eu tomar posse.
O problema não foi só o 1% que não deram. Os servidores estão sendo tratados como carne de segunda."
MÁQUINA PÚBLICA
O candidato prometeu reduzir drasticamente o número de secretarias ligadas ao Palácio Iguaçu e chegar a sete pastas: Desenvolvimento Econômico, Desenvolvimento Social, Segurança, Educação, Saúde, Cidades e a Secretaria de Gestão e Planejamento. "Todo o resto (26 pastas) eu acho desnecessário. Se eu passar um mês conversando com secretários não vou poder executar todo o resto e colocar o Estado para funcionar."

