Investigação desde 86 é pedido de Gianoto
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terça-feira, 24 de outubro de 2000
Marcos Zanatta De Maringá
O promotor Laerzio Chezorin Júnior, representante do Ministério Público (MP) no Tribunal de Contas do Paraná (TC), disse ontem que o levantamento dos gastos da Prefeitura de Maringá desde 1986 foi um pedido do prefeito Jairo Gianoto (PSDB). Desde que o MP denunciou o desvio de R$ 2,6 milhões, acusando o ex-secretário de Fazenda Luis Antônio Paolicchi, um assessor dele e outros dois servidores municipais, Gianoto disse que abriria as contas das últimas administrações. O período da auditoria coincide também com a entrada de Paolicchi na prefeitura, por meio de concurso público.
No total serão analisadas as contas das quatro últimas gestões, incluindo os prefeitos Said Ferreira (PMDB), que estava na administração em 1986, o atual deputado federal Ricardo Barros (PPB), a segunda gestão de Ferreira e a atual, de Jairo Gianoto. O período a ser auditado foi atendido pelo presidente do TC, Quielse Crisóstomo da Silva. Ontem quatro auditores iniciaram os trabalhos de conferência das contas da prefeitura, a partir da movimentação financeira de entrada e saíde de recursos.
Segundo Chezorin Júnior, pela legislação a prefeitura precisa ter um caixa único, que será totalmente verificado para analisar se existem irregularidades que comprovem novos desvios. Ele disse apenas que os auditores estão trabalhando nas contas referentes a este ano, sem previsão de concluir o levantamento. Depois serão analisadas as contas em ordem regressiva, até 1986. Todos os órgãos e fundação da administração pública serão auditados, informou o promotor.
O ex-secretário Luis Antônio Paolicchi está com a prisão provisória decretada pela Justiça Federal, onde responde ação criminal por peculato, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e sonegação fiscal. Há suspeitas de enriquecimento ilícito.
Um dos advogados dele, Moisés Zanardi, disse que ontem pediria a revogação da prisão, mas até o final da tarde não havia protocolado o pedido na Vara Federal Criminal. Zanardi explicou que, junto com o advogado Wagner Brússulo Pacheco, de Umuarama, está tentando convencer Paolicchi a se apresentar.
Ele e os demais acusados, Waldemir Ronaldo Corrêa, funcionário de Paolicchi e servidor licenciado da prefeitura, o secretário de Fazenda afastado, Jorge Aparecido Sossai e a servidora Rosimeire Castelhano Barbosa, foram convocados pela Justiça Federal a depor na próxima segunda-feira. Os três outros acusados já foram citados. Zanardi afirmou ainda que cabe exclusivamente a Paolicchi decidir se vai para o depoimento na segunda-feira.
O procurador da República em Maringá Natalício Claro da Silva informou ontem que se os acusados não comparecerem ao interrogatório no próximo dia 30, o processo corre à revelia. Aí eles não serão intimados de mais nenhum procedimento, explicou.
A Polícia Federal de Maringá pediu ajuda à Interpol (polícia internacional) para localizar o ex-secretário. Ele também está sendo investigado pela CPI Estadual do Narcotráfico por envolvimento com o crime organizado.
As investigações sobre Paolicchi recaem ainda sobre documentos de sua propriedade. Quatro caixas de documentos, além de duas CPUs (de computador) apreendidas na semana passada em uma das empresas dele, no centro de Maringá, já estão passando por perícia. A perícia foi requerida pelo procurador da República e deferida pela Justiça.
Um agente da Polícia Federal e um auditor da Receita Federal já estão trabalhando na documentação apreendida. O procurador disse ontem que a perícia está sendo feita na Polícia Federal, mas não soube informar detalhes. Segundo ele, não há prazo definido para a conclusão dos trabalhos. Não tenho idéia. Vai depender do que for encontrado, explicou. (Colaborou Patrícia Zanin, de Londrina)