Investigação da PF
envolvendo mulher
de Requião é de 98
As investigações feitas pela Polícia Federal do Rio Grande do Norte e que acabaram batendo numa compra de dólares por Maristela Quarenghi de Mello e Silva, mulher do senador Roberto Requião (PMDB), não são de agora. Começaram em julho de 1998. Documento do Banco Central anexado ao inquérito dá conta de que a operação de depósito – um DOC (Documento de Operação de Crédito) de R$ 250 mil com cheque endossado pela mulher de Requião – foi feita no dia 19 de maio de 98, em uma agência do Banco Real em Curitiba para outra da Caixa Econômica, em Paranamirim (RN).
Requião garante que os dólares resultantes da troca em agência de câmbio em Curitiba, por Maristela, não foram remetidos pela família ao exterior. O caminho que o cheque percorreu na sequência, a família desconhecia. Em pronunciamento no Senado, Requião disse que, por recomendação do empresário Celso Caron, da agência de turismo Larus, sua mulher procurou a Sigla Câmbio e Turismo para converter o dinheiro, obtido da venda de um apartamento deixado em herança para Maristela. A Sigla, segundo o senador, ofereceu o melhor câmbio: R$ 1,19 no dia. ‘‘A casa de câmbio se dispôs imediatamente a fornecer os dólares e os entregou na presença de testemunhas na casa de turismo Larus, em Curitiba’’, afirma Requião. Ao receber a quantia convertida, Maristela endossou um cheque administrativo, depositado na conta indicada do Banco Real e a participação da família teria parado aí.
O senador defende que o investimento foi legal e que qualquer cidadão pode fazê-lo, sem limite de quantia. ‘‘O investimento pode ser feito em dólar, peso, em peseta, em guarani, em libra esterlina’’, emendou.
O nome de Maristela entrou na investigação da Polícia Federal porque o cheque endossado por ela apareceu, ‘‘pelas mãos da casa de câmbio Sigla’’, com um doleiro no Paraguai em outra operação, conforme Requião. Ouvido pela Folha ontem, o proprietário da Sigla, Divonzer Catenace, disse que não vendeu dólares, nem conhecia Maristela de Mello e Silva.
Documentos constantes do inquérito comandado pela Polícia Federal do Rio Grande do Norte dão conta que o dinheiro foi parar na conta 4804-3, de Eliane Botellho Arevalo, 26 anos e residente em Ponta Porã (MS), apontada como uma ‘laranja’ num esquema de remessa de dólares para o exterior. Do Rio Grande do Norte, a soma foi transferida para a Tupi Câmbios de Foz do Iguaçu, que segundo as investigações da Polícia Federal, foi novamente transferida para uma conta da casa de câmbio no Banco Del Paraná, no Paraguai. A polícia ainda não conseguiu localizar Eliane Botelho Arevalo. (L.D.)