Agência Estado
Do Rio de Janeiro
Um ano e dois meses depois da abertura do inquérito para apurar a autoria do grampo no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o relatório final das investigações será entregue amanhã ao Ministério Público Federal (MPF) pelo delegado Rubens Grandini. O documento poderá apontar que a ordem da escuta partiu do escritório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no Rio, coordenada, na época, por João Guilherme Maia.
A principal testemunha do caso, o ex-policial federal
Célio Arêas da Rocha, cujo depoimento incrimina Maia, está em lugar ignorado pelas autoridades que cuidam do caso. Na semana passada, ele abriu mão da proteção policial e deixou a Superintendência da Polícia Federal (PF) no Espírito Santo, onde estava alojado.
A Procuradoria havia pedido a inclusão de Rocha no Programa de Proteção à Testemunha, mas o ex-policial ainda não havia sido inscrito. Durante os últimos três meses, ele viveu mudando-se de cidade a cada 15 dias e se mantendo com uma cesta básica no valor de 68 reais por mês.
‘‘De principal testemunha, ele virou um preso’’, afirmou
o advogado do ex-policial, Nélio Andrade. ‘‘Agora, decidiu que é melhor se arriscar a ficar recluso.’’ A última vez que Rocha teve contato com o advogado foi no dia 30. Antes de sair da Superintendência da PF, no entanto, ele prestou um longo depoimento, no qual explica os motivos da partida. ‘‘Vou receber uma cópia desse documento na próxima semana’’, contou Andrade.
‘‘Mas já sei, por outras quatro cartas que ele me mandou, que quer tentar reconstruir sua vida.’’ Rocha não será indiciado no relatório final do inquérito do grampo. Um acordo feito com o MPF para que o ex-policial contasse o que sabia lhe garante o perdão judicial para este caso. O relatório deverá indiciar como executores do grampo o agente da Abin Temílson de Resende, o ‘‘Telmo’’, o detetive particular Adilson Alcântara de Matos, o ex-técnico da empresa Telecomunicações do Rio de Janeiro (Telerj) Walter Braga e o técnico da Telemar Francisco Carlos da Silva, mais conhecido como ‘‘Papinha’’.
A entrega do relatório final, que deveria ter sido feita no início de dezembro, foi adiada, entre outras coisas, para que o delegado federal Rubens Grandini tivesse tempo de checar as 600 páginas do laudo do Instituto Nacional de Criminalística (INC).