A ADA (Associação Defensora dos Animais) vem sendo investigada pelo MPPR (Ministério Público do Paraná) desde 2019. Inicialmente, as denúncias eram de maus-tratos contra os animais. Mais tarde, em 2022, foi relatado o uso indevido do dinheiro da associação e, no início deste mês, veio a público a denúncia feita pela Sefa (Secretaria de Estado da Fazenda) ao MPPR sobre o uso irregular de créditos do programa Nota Paraná.

O relatório da Sefa apontou que a associação estava extinta no sistema, ou seja, com o CNPJ inativo, desde novembro de 2022, o que impossibilitaria o recebimento dos créditos. Segundo a secretaria, cerca de R$ 460 mil teriam sido recebidos indevidamente.

Após veiculação da suspeita de irregularidade pelos veículos de imprensa, a Deccor (Divisão Estadual de Combate à Corrupção), da Polícia Civil do Paraná, abriu um inquérito para apurar as supostas irregularidades. O inquérito corre paralelamente ao processo cível instaurado pelo MP.

Segundo o delegado do Núcleo de Londrina da Deccor, Thiago Vicentini de Oliveira, toda a documentação foi encaminhada para auditoria e foi colhido o depoimento da coordenadora do Nota Paraná, Marta Gambini. “Estamos agora em uma análise documental do que foi apresentado pela Marta bem como do estatuto da entidade em si (ADA), que estaria com as atividades encerradas e forçaram o recebimento dos créditos de formas diversas”, comentou o delegado.

O inquérito tem prazo de 30 dias para ser concluído, mas pode ser prorrogado, o que deverá acontecer.

A presidente da ADA, Anne Moraes, afirmou ter recebido R$ 2,75 milhões do Nota Paraná ao longo de 108 meses, o que daria em torno de R$ 25 mil mensais ou cerca de R$ 25 por animal abrigado. “O custo de um animal da ADA é de R$ 150 por mês. Olha o tanto de dinheiro que eu tinha que conseguir.”

A vereadora negou que tenha havido irregularidade no repasse dos créditos a partir de novembro de 2022. “Em 2022, a gente determinou que iria encerrar as atividades devido à falta de condições financeiras. A gente tentou durante um ano encerrar e não conseguiu. Chegou 2023, a gente fez uma nova reunião e decidiu que em um prazo de 12 meses seria feito o encerramento da instituição. Uma coisa é colocar no papel que quer encerrar, outra coisa é encerrar com mil animais aqui dentro”, justificou.

“Infelizmente, o Nota Paraná não investigou corretamente e não teve acesso (aos documentos). Entreguei pessoalmente na Sefa o estatuto, as atas e também uma liminar que me deu o direito de receber o valor que estava bloqueado.”

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