Contra o tempo
Um dos motivos para o rigoroso sigilo das investigações do escândalo envolvendo créditos de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da Companhia Paranaense de Energia (Copel) é o medo que o Ministério Público estadual e o atual governo têm que o ex-secretário de Estado da Fazenda e ex-presidente da Copel Ingo Hübert se valha da cidadania alemã e deixe País sem ajudar a esclarecer o episódio. A preocupação também se estende ao ex-diretor geral da Copel Mário Bertoni, que tem passaporte italiano. Ambos são fundamentais, assim como o ex-governador Jaime Lerner (PFL), para elucidar o caso.

Repercussão
A negociação nebulosa de créditos tributários da Copel e a participação do doleiro Alberto Youssef no esquema renderam reportagem nacional no ‘‘Fantástico’’, da Rede Globo, como planejaram os assessores mais próximos ao governador Roberto Requião (PMDB). O Palácio Iguaçu estava em festa ontem. Afinal, o escândalo detona o governo anterior e fortalece o atual.

Visibilidade
Ao dar a entender numa entrevista à RPC, a afiliada da Rede Globo no Estado, que o caso Copel agora toma proporção, por ‘‘ter saído’’ no ‘‘Fantástico’’, o líder do governo na Assembléia, deputado Ângelo Vanhoni (PT), reforça a tese. Ainda tem que sair na Globo para os políticos locais acordarem para os fatos. A Folha tem noticiado diariamente o caso do ICMS da Copel, há quase três semanas. Na última sexta, a manchete do jornal já falava da participação de Youssef no esquema.
Pressão
Os desembargadores do Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná cederam à pressão dos movimentos populares a ao apelo de Requião e já estudam a possibilidade de retirar as cercas em torno do prédio, que abriga a cúpula do Poder Judiciário, no Centro Cívico, em Curitiba. Na sexta-feira, o Órgão Especial – o órgão máximo do TJ – vai analisar a possível derrubada das grades. As cercas foram colocadas depois que um grupo de manifestantes quebrou várias janelas do tribunal. O protesto foi contra a tentativa de venda da Copel, sob análise na Assembléia Legislativa, situada ao lado do TJ. Ontem, nem a Prefeitura de Curitiba nem o TJ souberam informar quem foi o responsável pela colocação das grades.

Memória

O governador retirou as grades do Palácio Iguaçu na noite da última segunda-feira, cumprindo uma promessa de campanha. As grades foram colocadas pela Prefeitura de Curitiba há três anos, depois que o Movimento Sem Terra (MST) montou acampamento durante seis meses na praça Nossa Senhora de Salete, onde está o Palácio. Requião defendeu que os outros dois poderes – Legislativo e Judiciário – seguissem seu exemplo. O foco de resistência permanece na Assembléia.

Atentado
O atentado contra o presidente da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu, Adilson Rabelo (PSB), ontem, acirrou de vez os ânimos de políticos na cidade. Sem citar nomes, vereadores levantaram suspeitas de motivação política por trás dos dois tiros que atingiram a cabeça do parlamentar – que está hospitalizado. O vereador Dilto Vitorassi (PT), presidente da casa de 2001 a 2002, disse que será alvo aquele que falar alguma coisa contra ‘‘certas’’ pessoas da cidade. Segundo ele, parlamentares estão sendo ameaçados de morte por telefone. Membro da atual mesa diretora, o vereador Nilton de Nadai denunciou que Rabelo estava recebendo ameaças.

Nada a ver
O prefeito de Foz, Sâmis da Silva (PMDB), foi enfático ao descartar a conotação política. Para ele, está ‘‘fora de cogitação’’ a motivação política para o crime. ‘‘De forma alguma’’, afirmou. Em sua opinião, a polícia deve agir rápido para que ‘‘não fique nenhuma dúvida sobre este atentado’’. Requião, que estava na cidade, comentou ‘‘os dois balaços’’ à platéia presente na assinatura de um convênio. ‘‘Isso ocorre num dia (poucas horas depois) em que eu reuni a Polícia Civil e Militar de Foz do Iguaçu para um grande projeto de segurança do município’’, disse ele.

Impasse
Vanhoni e o primeiro secretário da Assembléia, Nereu Moura (PMDB), continuam divergindo quando o assunto é a instalação das cinco CPIs: Sercomtel/Copel, Pedágio, Jogos Mundiais da Natureza, Banestado e Paranacidade. Vanonhi defende prioridades. As CPIs da Sercomtel/Copel e do Banestado deveriam ser instaladas, e as demais poderiam esperar mais uns 90 dias em seu entendimento. Já Moura defende a instalação de todas. ‘‘Caso contrário, pairam dúvidas. Quem não quis que fossem criadas?’’

Cabeça
Presos da Penitenciária Central do Estado (PCE) encerraram, no domingo, a greve de fome que durou cinco dias, mas estariam pedindo a cabeça do diretor do presídio, André Luiz Ayres Kendrick. Ele foi rigoroso com o movimento, cortando regalias e se negando a negociar enquanto durasse a greve. O secretário de Estado da Justiça, Aldo Parzianello, que até ontem estava em viagem, segundo sua assessoria, não cogita a substituição do diretor.

Custas
Um movimento, que vem sendo chamado Cidadania e Acesso à Justiça, promove hoje jantar para angariar apoios. O objetivo do movimento é a revisão da lei que fixou os salgados preços das custas judiciais no Estado. A idéia é levar a proposta, de redução dos valores, até o governador.

Perguntinha
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come?

Leandro Donatti e sucursais
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