Agência Folha
De São Paulo
Na economia, o principal símbolo do governo Figueiredo foi o aumento da inflação, que chegou a 225,9% ao ano em fevereiro de 1985 (estava em 46,1% ao ano no primeiro mês de seu governo). A dívida externa chegou a US$ 100,2 bilhões em 1984, representando um crescimento de US$ 50,3 bilhões em relação a 1979. A política econômica causou recessão e empobrecimento da população. Em 1983, a economia decresceu 3,2%, e os brasileiros perderam 6,9% de sua renda.
Se, em fevereiro de 1979, um mês antes de Figueiredo assumir o governo, a renda per capita era estimada em US$ 2 mil, seis anos depois era de US$ 1.680. Mas, em 1984, o País teve um ano de recuperação. O PIB cresceu 4,5%, e o salário médio na indústria, 9,3%.
Já no início o governo Figueiredo foi marcado por turbulências na gestão econômica. Em agosto de 1979, o presidente demitiu Mário Henrique Simonsen, que havia sido ministro da Fazenda no governo Geisel, do Planejamento. O substituto, Delfim Netto, assumiu as rédeas da economia. A queda de Simonsen foi atribuída a conflitos com ministros mais identificados com a abertura dos cofres públicos, como Mário Andreazza (Interior).
Em janeiro de 1980, Delfim entrou em colisão com o ministro da Fazenda, Karlos Rischbieter, que acabou pedindo demissão. Foi trocado por Ernane Galvêas, que presidia o Banco Central e era identificado com Delfim Netto. Nos primeiros anos do governo, Delfim conseguiu manter taxas altas de crescimento (superior a 7% em 1980), mas viu a situação do balanço de pagamentos se deteriorar graças sobretudo ao aumento dos preços do petróleo (75% entre 1979 e 1980).
Esse aumento anulou a boa performance das exportações no período (crescimento de 32% em 1980). A má situação das contas externas levou então o País a adotar uma política recessiva, respaldada pelo FMI, que levou a uma redução do PIB em 1981 e 1983. Em fevereiro daquele ano, o governo promoveu uma maxidesvalorização do cruzeiro, que melhorou o desempenho das exportações, ajudando a equilibrar as contas externas.
Do lado negativo, porém, a renda do brasileiro caiu 6,9% em 1983, e a inflação partiu em disparada. Mas a economia encontrava-se em plena recuperação, em comparação ao triênio de 1981 a 1983. Em 1984, a produção industrial e a agrícola apresentaram crescimento, assim como as exportações (animadas por uma desvalorização de 227,5% do cruzeiro). Restava controlar o déficit público, missão que não foi cumprida nem por Figueiredo, nem pelos civis que lhe sucederam.
Ontem, o Exército divulgou nota oficial lamentando a morte de João Baptista Figueiredo: ‘‘O Exército Brasileiro consternado, se associa à dor da família enlutada pela inestimável perda e rende a sua homenagem ao chefe militar honrado, que dedicou sua vida ao Exército Brasileiro e dirigiu, como presidente da República, os altos destinos do País em sua conjuntura de grandes transformações políticas e sociais. O general Figueiredo, no cumprimento de suas missões, agiu sempre com tenacidade, buscando atingir todos os objetivos a que se propôs. A história, por certo, lhe prestará a mais justa homenagem