Luciana Pombo
De Curitiba
Telefone pelo chão, pastas abarrotadas de denúncias e investigações iniciais sobre a rota do tráfico de drogas no Paraná, reforma e limpeza dos móveis da nova sede do Grupo Fera (Força Especial de Repressão Antitóxicos). Para os 21 delegados e investigadores que estão organizando a nova unidade policial, que ficará operando na antiga Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, no bairro do Batel, em Curitiba, o dia foi de intenso trabalho ontem.
Terminando a reestruturação física da unidade, os policiais já começaram a enfrentar as primeiras tarefas operacionais, que, além de coibir o tráfico no Estado, poderão auxiliar nas investigações comandadas pela CPI do Narcotráfico. Os investigadores foram separados em duplas para a atuação nas ruas. As quase 2 mil denúncias anônimas recebidas nos últimos dois meses, desde que a Polícia do Estado se colocou à disposição para coletar informações, começaram a ser selecionadas e analisadas e deverão ser investigadas durante todo o mês de janeiro.
‘‘Temos um rigoroso trabalho a ser feito. Vamos fazer um levantamento de quantas denúncias perderam a validade, quantas são informações novas e quantas vão precisar de trabalho mais intenso de investigação’’, argumentou Adauto de Oliveira, delegado titular do Grupo Tigre.
As investigações seguirão três rumos distintos: o primeiro, na busca de pessoas que estejam fazendo tráfico de drogas em bairros afastados ou próximos a colégios; o segundo, no combate ao grande tráfico de drogas, de quadrilhas especializadas; e o terceiro, na prisão de policiais civis que estejam envolvidos no esquema do tráfico de drogas no Estado. ‘‘Já temos atuado com rigor contra o traficante que incomoda. Ele está nas escolas e nos locais de lazer e vende drogas para estudantes. Estes estão sendo investigados e serão autuados e presos’’, alegou Oliveira.
Para o trabalho de investigação que envolva o crime organizado, Oliveira espera contar com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Federal, a partir de fevereiro. ‘‘Eles têm mais poder, uma infra-estrutura maior e condições de investigar mais a fundo todas as ramificações do narcotráfico no Paranᒒ, afirmou o delegado.
A pouca estrutura do Grupo Fera no Paraná, de acordo com ele, dificulta a investigação aprofundada de casos. Atualmente, a nova delegacia – que ainda não tem computadores – conta com 21 policiais (sendo três delegados e três escrivães) e três viaturas policiais. Outras duas viaturas foram doadas por Conselhos Comunitários de Segurança e deverão ser entregues nos próximos dias.
Adauto de Oliveira disse que além de uma melhor infra-estrutura, outra sugestão para que os trabalhos do Grupo Fera sejam intensificados é a criação de uma doutrina de segurança pública no Paraná e a concentração de dados sobre o narcotráfico no setor de inteligência da unidade. ‘‘Temos que criar uma consciência, colocar nos setores apenas investigadores especializados. E tudo o que estiver relacionado com drogas, precisa passar pelo Grupo Tigre. Só assim, teremos um real mapeamento da situação do tráfico de drogas no Paranᒒ, argumentou.