Governo fará novas mudanças na equipe
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quinta-feira, 30 de março de 2000
Leandro Donatti
De Curitiba
Uma nova reforma de secretariado está na iminência de ser anunciada pelo governador Jaime Lerner (PFL). Vários esboços já foram delineados, na tentativa de dar mais engrenagem política ao governo. Certo ontem era o remanejamento de Pretextato Taborda Ribas para a Secretaria da Justiça, deixando a Chefia da Casa Civil livre para a atuação dos secretários da Fazenda, Giovani Gionédis; dos Transportes, Heinz Herwig; e do assessor especial, Guaraci Andrade. Por ordem de Lerner e desde meados desta semana, os três cuidam da parte política do governo. O nome do secretário do Governo, José Cid Campêlo Filho, para responder oficialmente pela Casa Civil, era visto como a composição mais acomodável para o governo. Campêlo cuidaria da parte burocrática da pasta, acumulando funções, enquanto as articulações políticas ficariam nas mãos do triunvirato.
A reengenharia só começou a tomar corpo nos últimos dois dias, apesar de a rediscussão ter sido desencadeada há duas semanas, quando do afastamento do ex-secretário da Segurança Cândido Martins de Oliveira. Tato Taborda resistiu o quanto pode à troca de pasta. Ontem, segundo fontes do governo, o ainda chefe da Casa Civil dava sinais de que já cedeu ao remanejamento, que é inevitável. O relacionamento de Tato Taborda com o líder do governo na Assembléia Legislativa, Valdir Rossoni (PTB), tornou-se insustentável e não resistiu às pressões vividas pelo governo com a vinda da CPI do Narcotráfico e com os protestos contra o aumento das tarifas do pedágio. Tato Taborda e Valdir Rossoni mal se cumprimentam.
O deslocamento de Heinz Herwig dos Transportes para a Casa Civil também chegou a ser cogitada. A tese, entretanto, parece ter perdido força no governo. Herwig não esconde que o seu interesse mesmo é ser conselheiro do Tribunal de Contas. Para o governo, promover uma mudança agora com a perspectiva de que mais para frente terá de mexer novamente na sua equipe não é bom negócio. Por ora, o melhor mesmo, na visão do governo, é manter Herwig nos Transportes, até que o mesmo seja acomodado no TC. Em maio, abre mais uma vaga no Tribunal com a aposentadoria de João Féder.
A participação de deputados nessa nova fase de reestruturação da equipe é uma incógnita. César Silvestri é visto como um nome de consenso no governo e entre os aliados para ocupar uma função. Na possibilidade de Cid Campêlo não assumir a Casa Civil com o auxílio do triunvirato, Silvestri pode servir de peça para um novo jogo de xadrez. Ele poderia ficar com os Transportes e Herwig com a Casa Civil. O deputado conta com a simpatia do governador, porém não havia ontem garantias de que será aproveitado. Um deslocamento de Valdir Rossoni para a Casa Civil também foi cogitado. Porém, chegou-se a conclusão que, agora que acertou a mão na defesa do governo, seu lugar é mesmo na Assembléia.
O governador emitiu sinais ontem, através de sua assessoria, de que hoje pode divulgar algumas das mexidas que pretende promover. Lerner avisou, há cerca de duas semanas, quando da nomeação de José Tavares para a Segurança, de que as mudanças virão de forma gradual. O governo já extinguiu a Defesa do Consumidor, Ouvidoria Geral, e o Desenvolvimento Social. Lerner tomou gosto pelas articulações, porém tem agido com cautela para não criar melindres.