O ex-prefeito de Maringá, Jairo Gianoto (sem partido), estuda a possibilidade de devolver aos cofres públicos as duas colheitadeiras compradas com cheques da prefeitura (avaliadas em R$ 200 mil) e os R$ 549 mil desviados do município e depositados na conta particular dele. A informação foi confirmada ontem por um dos advogados de Gianoto, Antônio Mansano Neto. ‘‘O que entrou no patrimônio dele com recursos dos cofres públicos, sem ele saber, poderemos devolver de imediato.’’
Segundo o advogado, a devolução não precisa ser feita necessariamente no final do processo. ‘‘Como foi prefeito, ele quer mostrar que não tinha nenhuma ligação com os desvios’’, afirmou. Ele não quis falar se a intenção é devolver também os silos e os recursos do município usados na compra dos insumos para o plantio da última safra na propriedade de Gianoto.
No final de fevereiro, a Justiça acatou pedido do Ministério Público (MP) e sequestrou cinco colheitadeiras (três são do ex-secretário de Fazenda, Luis Antônio Paolicchi), dois silos e a safra da fazenda do ex-prefeito, que tem 3.630 hectares. A safra da propriedade de Paolicchi, com 5,6 mil hectares, também está sequestrada. As propriedades ficam em Nova Mutum (MT). O promotor de Defesa do Patrimônio Público, José Aparecido da Cruz, disse ontem que não existem obstáculos para a devolução, que deve ocorrer dentro do processo.
Ontem foi tornada pública a defesa de Gianoto, entregue terça-feira, na 1ª Vara Cível, onde corre uma ação de improbidade administrativa contra ele, Paolicchi e outros três servidores. O ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Artagão de Mattos Leão e outro funcionário do órgão, Duílio Bento, são acusadas pelo ex-prefeito de terem pedido a manuteção de Paolicchi na secretaria. Duílio e Mattos Leão negam todas as acusações. Os advogados informam que pessoas influentes na sociedade fizeram o mesmo apelo.
Sobre os R$ 549 mil da prefeitura encontrados na conta dele, Gianotto garante que são serviços prestados para Paolicchi, já que ele administrou a propriedade dele entre outubro de 1997 e setembro de 2000. No depoimento que prestou à Justiça Federal, no dia 23 de fevereiro, Paolicchi negou esta informação.