O jornalista e empresário Homero Barbosa Neto, 45 anos, que elegeu-se prefeito de Londrina em 29 de março de 2009 e assumiu o cargo em 1º de maio, é o segundo da história de Londrina a sofrer um processo de cassação. Dono de uma emissora de rádio, ex-deputado estadual e federal e ex-apresentador de programas policiais, Barbosa começou a administração com apoio de influentes setores da sociedade, como empresários e entidades não governamentais, representadas em seu governo por secretários como Carlos Levy (Ambiente) e Nelson Brandão (Obras). Porém, logo começou o desgaste, como brigas com donos de quiosques e a tentativa de aumentar o Imposto Predial e Territoral Urbano (IPTU), algo que havia prometido expressamente durante a campanha não fazer.
As mudanças no secretariado - comuns e que chegaram a mais de 90 nomes no governo de Barbosa - também pesaram negativamente. Em contrapartida, o prefeito assumiu o ônus de manter secretários envolvidos em denúncias, como o presidente da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), André Nadai (que assumiu publicamente ter sonegado imposto municipal); Marco Cito, que teria assinado um aditivo ilegal, segundo reconheceu a própria Controladoria-Geral do Município (CGM), de quase R$ 1 milhão em um contrato para limpeza dos prédios públicos; e a ex-secretária de Educação Karin Sabec, que também segundo a CGM e o Ministério Público (MP), teria dilapidado o patrimônio público com compras desastrosas, como os uniformes e livros racistas, jamais utilizados nas escolas da cidade.
O momento de maior desgaste de Barbosa ocorreu com a operação Antissepsia, deflagrada em maio de 2011 pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que levou 21 pessoas à prisão suspeitas de desvio de dinheiro da saúde. O então procurador jurídico da Prefeitura, Fidélis Canguçu, foi preso sob a acusação de cobrar propina dos diretores dos institutos que executavam serviços de saúde, como a gerência do Samu e o Programa Saúde da Família. Barbosa, segundo o MP, também teria recebido propina de R$ 20 mil de um dos institutos e a promessa de mais R$ 300 mil, após favorecer a contratação. O prefeito é alvo de inquérito que tramita no Tribunal Regional Federal da 4 Região em razão do foro privilegiado para ações penais.
Barbosa ganhou fôlego e conseguiu apoio suficiente na Câmara para arquivar três comissões processantes, inclusive a da Saúde, no final do ano passado. Relativamente forte para o quarto ano de governo e visando a reeleição, Barbosa sofreu nova invertida em 24 de abril deste ano, quando Marco Cito, que havia acabado de deixar o governo e se preparava para coordenar a campanha do PDT, foi preso em flagrante depois de supostamente participar da entrega de R$ 20 mil ao vereador Amauri Cardoso (PSDB), recém-chegado ao Legislativo para substituir o vereador Márcio Almeida, que renunciou em fevereiro. Amauri não gostou do assédio, que teria sido feito também pelo empresário Ludovico Bonato, e denunciou a pressão ao MP. O suborno seria para que o parlamentar votasse contra a abertura da CP da Centronic. Outros três aliados de Barbosa foram presos e as denúncias chegaram ao então presidente da Sercomtel, Roberto Coutinho Mendes, que presidia o PDT de Londrina. Depois disso, ficou insustentável impedir a base de votar contra a CP e a comissão foi aberta.
Barbosa responde a sete ações por improbidade administrativa e a um inquérito policial. Membros de seu governo foram processados por improbidade e são réus em processos por crimes ligados à adminsitração pública.

Carreira política

O prefeito Barbosa Neto, que se descreve como ex-engraxate, ex-servente de pedreiro, ex-garçom, ex-recolhedor de sucata, entre outras profissões humildes, é hoje dono de um patrimônio de R$ 950 mil, em valores desatualizados, conforme declaração recente à Justiça Eleitoral. Jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), começou a carreira política em 2002, ao conquistar uma vaga na Assembleia Legislativa do Paraná. Antes, em 2000 - amparado na fama dos programas policiais televisivos -, havia disputado a Prefeitura de Londrina. Perdeu no segundo turno para Nedson Micheleti (PT), que sucedia Antonio Belinati, o primeiro prefeito de Londrina a ser cassado pela Câmara.
Em 2004, tenta novamente a Prefeitura, mas fica em quarto lugar, atrás de Nedson, Belinati e Luiz Carlos Hauly (PSDB). Em 2006, consegue um mandato de deputado federal. Paralelamente, transcorria contra Barbosa a investigação dos ''Gafanhotos'', que apura suposto desvio de salários de funcionários da Assembleia Legislativa. Um inquérito contra Barbosa sobre o assunto chegou a ser aberto no Supremo Tribunal Federal (STF), já que na época ele mantinha uma cadeira na Câmara Federal.
Dois anos depois, em 2008, candidata-se a prefeito novamente e fica em terceiro lugar, atrás de Belinati e de Hauly. Belinati vence o segundo turno, mas, considerado inelegível, perde o registro e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) marca um ''terceiro turno''. Com 135 mil votos, Barbosa derrota Hauly. Em 2009, quando o pedetista assumiu a Prefeitura de Londrina, o processo no STF sobre o caso Gafanhotos desceu para o Tribunal de Justiça do Paraná, onde corre em segredo.

Imagem ilustrativa da imagem Gestão com polêmicas e mudanças no secretariado