O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público do Paraná, cumpriu na manhã desta terça-feira (28) mandados de busca e apreensão na casa e no gabinete da vereadora Noemia Rocha (MDB), na Câmara Municipal de Curitiba. Segundo o MPPR, ela é suspeita da prática de “rachadinha”, com apropriação de parte dos salários de seus funcionários.

Os mandados foram expedidos pela 6ª Vara Criminal da capital e os agentes do Gaeco também fizeram buscas nas casas de cinco servidores e de um ex-servidor da Câmara. São sete endereços em Curitiba e um em Colombo, na região metropolitana.

A suspeita é que a vereadora estaria praticando o crime desde 2017. A denúncia foi feita de forma anônima, em 2021. Segundo o MPPR, servidores seriam obrigados a repartir os salários com pessoas que prestavam serviços de maneira informal para o programa de rádio da parlamentar. A vereadora, de acordo com o MPPR, teria obrigado servidores a pagarem contas pessoais dela, o que incluiria boletos, dívidas e despesas variadas, inclusive relacionadas à festa de casamento de sua filha.

CÂMARA

Por meio de nota, a Câmara Municipal de Curitiba informou que está à disposição para colaborar com as investigações. A busca durou das 6h às 7h50. “Em atendimento à solicitação da autoridade competente, a gestão da Câmara Municipal de Curitiba ofereceu acesso às suas dependências, para fins de cumprimento do mandado. A CMC segue à disposição das autoridades para colaborar com as investigações e prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários”, diz a nota.

o que diz a vereadora

Em nota emitida na tarde desta terça-feira, Noemia Rocha afirmou que não tomou conhecimento da íntegra das acusações e sugeriu que as denúncias anônimas podem ter sido feitas por adversários políticos. Ela disse ainda que poderá pedir a antecipação de seu depoimento para esclarecer o caso.

“A vereadora Noemia Rocha vem esclarecer que ainda não tomou conhecimento da íntegra do processo e das acusações no dia de hoje, e que no entanto está tomando as providências necessárias e cabíveis. Neste sentido, colocou-se inteiramente à disposição das autoridades para todo esclarecimento que se mostrar necessário, inclusive pedirá antecipação do seu depoimento”, diz a nota. “Em levantamento preliminar supomos se tratar de denúncia anônima, sem qualquer base e fundamento, possivelmente de adversários políticos. Mas, reitera, é de seu inteiro interesse e compromisso trazer todos os esclarecimentos à sociedade curitibana em geral, assim como aos seus eleitores em particular”.

Noemia Rocha é natural de Londrina e foi eleita vereadora em Curitiba pela primeira vez em 2008. Está em seu quarto mandato consecutivo. Em 2020, foi eleita com 4.439 votos. É membro da Igreja evangélica Assembleia de Deus em Curitiba e integrante da chamada “bancada evangélica” na Câmara.

CONDENAÇÃO

Duas ex-vereadores de Curitiba foram condenadas pela prática da “rachadinha”, ambas eleitas em 2016 com a bandeira da defesa animal. Em fevereiro de 2020, Katia Dittrich (Solidariedade) foi condenada a 5 anos e 6 meses de prisão. Já Fabiane Rosa (PSD) foi condenada em abril do ano passado a 41 anos e cinco meses de prisão pela prática dos crimes de peculato e concussão cometidos durante seu mandato. A “rachadinha” começou a ser investigada em 2020 pelo MPPR.

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