O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público do Paraná, prendeu 16 pessoas, entre servidores da Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) e empresários, investigados por fraudes em licitação e outros crimes de corrupção. A Operação Ductos, com ordens judiciais emitidas pela 1ª Vara Criminal de Ponta Grossa (Campos Gerais), cumpriu nessa segunda-feira (20) ainda 50 mandados de busca e apreensões em 37 residências e 13 empresas, incluindo cinco estabelecimentos privados (em Ponta Grossa, Cornélio Procópio, Telêmaco Borba e Curitiba) e oito da Sanepar (três em Ponta Grossa, dois em Telêmaco Borba e um em Curitiba, Santo Antônio da Platina e Cornélio Procópio).

Segundo o coordenador geral do Gaeco no Paraná, Leonir Batisti, as investigações, iniciadas há cerca de dois anos, apuram principalmente o pagamento indevido por serviços não prestados e fraudes em licitações. Teria havido benefício ilegal para empresas, mediante pagamento de propinas a servidores da Sanepar. A principal empresa beneficiada seria também a organizadora do pagamento de propinas. Há suspeitas de que as empresas organizavam entre si o resultado de processos licitatórios, a partir do acesso a informações internas da Sanepar. "São crimes de licitação, fraude e medição ilegal. Estamos ainda investigando a criação de empresas de fachada para conseguir acobertar o pagamento dessa propina.", disse o procurador de Justiça à assessoria do MP. A FOLHA não conseguiu contato com Batisti para confirmar a identidade das empresas investigadas.

A principal empresa beneficiada seria também a organizadora do pagamento dos subornos. Há suspeitas de que as empresas organizavam entre si o resultado de processos licitatórios, a partir do acesso a informações internas da Sanepar.

O MP ainda investiga o faturamento por serviço não executado integralmente ou por serviço superfaturado, com o uso de medições falsas ou não fiscalizadas por servidores da Sanepar. Em contrapartida, funcionários da Sanepar receberiam propina. Os envolvidos poderão responder pelos crimes de fraude a licitação, peculato, lavagem de dinheiro e corrupção por meio de organização ou associação criminosa, além de falsidade documental.

OUTRO LADO

A Sanepar informou que está disponibilizando todas as informações e franqueando o acesso a todas as unidades, documentos e equipamentos ao Gaeco. A companhia informou que aguarda o resultado das investigações para proceder também as medidas administrativas cabíveis.

Segundo a estatal paranaense, os funcionários envolvidos na Operação Ductos foram afastados e, internamente, a Sanepar tomará providências para apurar os fatos e possíveis condutas de empregados e fornecedores. A diretoria da empresa afirmou que está comprometida com medidas de probidade e reitera apoio irrestrito à investigação e se coloca como parte interessada.