São Paulo - O símbolo do 12º Foro de São Paulo, encontro da esquerda latino-americana é um mapa-múndi de cabeça para baixo, o continente americano no meio. A representação do planeta assim é muito querida de uma certa linha de cartógrafos terceiro-mundistas, que rejeitam, por eurocentrista, aquela que sempre põe os países ricos ''em cima'' das pobres nações do sul. O presidente Lula e o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, participam da 15 edição do encontro.
No quadro do Foro de São Paulo, aberto na última sexta no Parlatino, o Parlamento Latino-Americano, em São Paulo, o mapa ganhava um outro significado. O mundo da esquerda parece ter sido revirado de cabeça para baixo, tantas acusações de corrupção pesando sobre o principal governo esquerdista da região, o do presidente Lula.
Na abertura da reunião, o secretário de Relações Internacionais do PT, Paulo Ferreira, organizador e principal anfitrião do Foro, anunciava o credenciamento de ''106 delegados e 276 convidados, representando 126 partidos e organizações de 42 países''. Na platéia, escutavam-no 96 pessoas. O representante do PT não mencionou as denúncias de pagamento de mensalão, mas, nos corredores do Parlatino, antes da abertura dos trabalhos do Foro, não se falava em outra coisa.
Orlando Gomez, 40 anos, da Frente Sandinista de Libertação Nacional, da Nicarágua: ''É uma campanha de denúncias para desestabilizar o governo Lula e sua luta contra a fome e em defesa dos grupos mais desfavorecidos''. Ciro Guzmán, do Movimento Popular Democrático do Equador: ''Todas as vezes que uma força democrática progressista é eleita, os reacionários arremetem com violência. Isso é o que está ocorrendo no Brasil''.
Para justificar a defesa em uníssono do governo Lula, León Lev, da Frente Ampla uruguaia, evocava a frase proferida em 1971 pelo presidente norte-americano Richard Nixon, durante visita do ditador brasileiro Emílio Garrastazu Médici aos Estados Unidos: ''Para onde o Brasil for, irá toda a América Latina''.