A extensão da decisão do diretório nacional do PSL em suspender as atividades partidárias de 14 deputados federais, na última terça-feira (3), ainda não é conhecida, segundo afirma o londrinense Filipe Barros, que recebeu a punição por um prazo de seis meses. Ele diz que o grupo ligado ao presidente Jair Bolsonaro aguarda o posicionamento da mesa diretora da Câmara dos Deputados. “Na verdade, essa situação não tem previsão nem no regimento da Casa, nem do próprio partido para que defina as consequências. Continuo nas minhas atividades regulares de parlamentar. Tenho certeza de que a decisão da direção da Câmara será bastante sensata”, afirma Barros à FOLHA.

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. | Foto: Agência Câmara

A manobra é fruto do racha entre apoiadores de Bolsonaro e dos aliados de Luciano Bivar, líder da sigla, e tem como principal alvo o filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, líder do partido. Cabe ao parlamentar à frente da função a interlocução institucional com a Câmara. “Ao que parece, há uma tentativa de que se anule os votos dos parlamentares suspensos para se chegar a outra liderança do partido. Mas na prática essa eleição depende de uma eleição com número absoluto de deputados”, explica Barros.

ALIANÇA

O diretório nacional também dissolveu o diretório de São Paulo, foco de uma das brigas entre as alas bivaristas e bolsonaristas. Aliados do presidente derrubaram mais de 100 diretórios municipais no estado em retaliação a Bivar – o partido já chegou a ter 340 em 645 municípios. Os deputados punidos e advertidos já sinalizaram que pretendem migrar para a Aliança pelo Brasil, legenda criada pelo presidente. Esse processo, porém, ainda pode demorar – devido ao trâmite para a criação da nova legenda e ao embate jurídico que trata dos riscos de perda do mandato por infidelidade partidária. “Há três anos o presidente Bolsonaro acreditou em mim e pediu votos para mim como vereador, no ano passado fez isso novamente enquanto se recuperava da facada. Acredito nele e sou fiel a ele”, garante o deputado.

A ideia do grupo de Bivar é que a suspensão faça com que os parlamentares percam suas funções na Câmara, como posições em comissões. Eduardo Bolsonaro, por exemplo, terá de deixar a liderança do partido na Casa, mas ainda poderia seguir como presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional até o fim do ano, porque chegou ao cargo por meio de eleição, o que o permite ficar imune. A suspensão das atividades partidárias é a sanção máxima que uma sigla pode fazer contra um eleito sem a mediação da Justiça Eleitoral e sem expulsá-lo.