Agência Estado
Do Rio de Janeiro
O presidente Fernando Henrique Cardoso
defendeu ontem o fim da impunidade e a adoção de iniciativas contra a miséria e de expansão da educação no País, em discurso na ‘‘Cerimônia de Acendimento da Chama do Conhecimento Brasileiro’’, abrindo as comemorações dos 500 anos do Descobrimento.
‘‘Queremos o amor ao próximo com dimensão prática: que a impunidade não encubra a Justiça’’, discursou ele, na Escola Naval, na Ilha de Villegaignon, no Rio. ‘‘Queremos ser berço de uma sociedade na qual cada um há de fazer-se a partir de oportunidades iguais, o que só se conseguirá com políticas (...) de redução da pobreza e com maior extensão e qualidade no ensino.’’
Fernando Henrique fez um balanço otimista da história do
Brasil, homenageando as três raças que formaram a civilização brasileira e também os imigrantes de origens diversas, que, segundo ele, trouxeram ‘‘valores, técnicas e fé na América’’.
‘‘Somos a maior nação multirracial e multicultural do
mundo (...), senão em número de habitantes, na capacidade integradora da civilização que fundamos’’, disse. ‘‘Essa diversidade e sua mestiçagem constituem a marca do nosso povo, o orgulho de nosso País, o emblema que sustentamos no pórtico do novo século.’’ O presidente lembrou que, em 1900, os brasileiros eram 17 milhões e viviam em sua maioria no campo, com apenas 16% de alfabetizados.
Atualmente, recordou, há 160 milhões de brasileiros, dos quais 80% moram em cidades e 15% são analfabetos. ‘‘Queremos o progresso, mas de braços dados com a qualidade de vida e com respeito ao meio ambiente.’’ O presidente criticou a violência e pediu, como bênção para o milênio, que o País seja uma ‘‘terra de solidariedade’’.
Originalmente mais longo, o pronunciamento foi em parte cortado pelo próprio presidente. Transmitida ao vivo pela Rede Globo, a solenidade não teria tempo suficiente para o discurso escrito à mão por Fernando Henrique. Na solenidade, o aspirante da Marinha Marcos Silva Menezes (representando a raça branca), o índio terena Iosmar Botelho Correa e a jogadora de handebol Aline Silva (representando o negro) trouxeram os fogos representando as raças que formam o povo brasileiro.