Tapinhas nas costas, sorrisos, apertos de mão e beijos nas crianças fazem do corpo-a-corpo uma arte das campanhas eleitorais. No entanto, aquele cafezinho no balcão da padaria e o bate-papo com a população estão cada dia mais raros. Com a redução no período de duração das campanhas eleitorais, as ruas estão esvaziadas, enquanto a concentração do trabalho dos pré-candidatos se faz nas redes sociais. Em Londrina, uma das principais regiões de comércio popular, a Feira do Cincão, na zona norte, é um retrato desta realidade. “Eles vêm, depois ganham a eleição e não voltam. Uma das nossas necessidades, que era a instalação de banheiros químicos, demorou anos par ser resolvida”, afirmou Maria José da Silva, que oferta legumes e frutas no mesmo ponto há 30 anos.

Na feira, reclamação é sobre falta de fiscalização do poder público
Na feira, reclamação é sobre falta de fiscalização do poder público | Foto: Roberto Custódio

A única exceção à regra é o deputado federal Boca Aberta (PROS), com seu escritório político instalado no coração da avenida Saul Elkind, ele faz sua presença ser notada. Enfeitado com fotos ao lado de seu filho, o deputado estadual Boca Aberta Junior (PROS), o prédio se mantém de portas abertas de domingo a domingo. Não foi diferente, neste último (2). Com cinco funcionários uniformizados, o parlamentar, no entanto, não deu expediente. “Ele está sempre por aqui. Coloca o caminhão de som e faz uma barulheira que mais atrapalha do que qualquer coisa”, reclamou Maria José Silva, que lembra de um diferencial do político. “Nestes anos todos, ele foi o único que voltou para agradecer os votos. Isso preciso reconhecer”, garantiu.

Na feira a reclamação não é da falta dos políticos, mas sim do poder público. Sem a devida gestão, o espaço no entorno não é respeitado. Os carros param por cima das calçadas, fecham ruas, o número de ambulantes fica descontrolado. Dona de uma barraca de ovos há 15 anos na Feira do Cincão, e presente em outros quatro pontos da cidade, Márcia Lopes reclama da falta de fiscalização. “Com mais ordenação, ficaria melhor para trabalharmos. Especialmente ao redor. Não precisa ficar com a sensação de tudo bagunçado. A última vez que vi políticos por aqui foi na última eleição, depois nada.”

Mudanças

Oficialmente, a campanha oficial, mesmo na internet só será permitida a partir do 16 de agosto para o primeiro turno, que será em 4 de outubro. Este ano a eleição para prefeitos e vereadores terá significativas alterações. A lei 13.877, que está em vigor, proíbe as coligações partidárias para eleições proporcionais, estas utilizadas para a escolha de vereadores, de modo que cada partido deverá lançar sua própria chapa. A decisão encerra a prática dos partidos se unirem com o interesse de ampliar o tempo de propaganda na TV e no rádio. Isso deve fazer os políticos precisarem gastar mais sola de sapato. Isso, veremos.