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Fazenda prevê perda de R$ 6,3 bilhões ao Paraná com limite no ICMS

Secretário da Fazenda defende na AL que deputados pressionem Senado pela não aprovação na redução da alíquota sobre combustíveis

ATUALIZAÇÃO
30 de maio de 2022

Guilherme Marconi - Grupo Folha
AUTOR

Imagem ilustrativa da imagem Fazenda prevê perda de R$ 6,3 bilhões ao Paraná com limite no ICMS
 

O secretário estadual de Fazenda, Renê de Oliveira Garcia Junior, afirmou nesta segunda-feira (30) aos deputados estaduais que o Paraná poderá perder R$ 6,3 bilhões em arrecadação com a aprovação do projeto de lei que prevê teto de 17% para as alíquotas de ICMS sobre itens como gasolina, diesel, energia elétrica. A matéria foi aprovada na semana passada pela Câmara dos Deputados e agora depende de análise dos senadores.  

"Todos os estados brasileiros juntos irão perder R$ 100 bilhões. A partir de meados de 2023, os estados estarão incapacitados de fazer frente com despesas com pessoal e gastos com educação e saúde", disse Garcia Junior sobre o PLP 211/2022 durante audiência pública de prestação de contas do Governo do Paraná – 1º quadrimestre de 2022 - nesta tarde na AL (Assembleia Legislativa do Paraná).

O Paraná pratica, atualmente, alíquotas de 29% para gasolina, energia elétrica e telecomunicações; 25% para energia elétrica rural; 18% álcool hidratado, querosene e GLP; e 12% para o óleo diesel. "Sendo otimista, vamos ter perda de repasses aos municípios na ordem de R$ 1,6 bilhão ou redução de 20%. No caso do Fecop (Fundo Estadual de Combate à Pobreza), uma perda de R$ 220 milhões, o que inviabiliza vários programas sociais", exemplificou o secretário (veja o gráfico abaixo).

APELO

Renê Garcia Junior fez um apelo aos deputados estaduais para que pressionem os senadores para frear o limite do ICMS e evitar perdas de arrecadação. "Diante da opinião pública haverá um impacto da redução do preço dos combustíveis. Mas na verdade o que importa é a paridade sobre o preço dos combustíveis da Petrobras com os preços internacionais. O que sabemos é que há uma defasagem 18% no diesel e 11% na gasolina. A redução da alíquota de ICMS será quase que totalmente comida pelos preços represados pela Petrobrás", argumentou.   

Segundo a Fazenda, com a nova lei, o estado deixaria de arrecadar R$ 2,04 bilhões em combustível, R$ 2,07 bilhões em energia elétrica, R$ 610 milhões em telecomunicações e R$ 1,39 bilhão com a retirada do ICMS sobre as tarifas de uso de transmissão e de distribuição de energia elétrica. "Não é o tesouro do estado que irá perder, é a educação, saúde e os municípios que irão perder. O Estado não é um ente acumulador de recurso, o Estado ficará incapaz de fazer suas prestações de serviços. Peço reflexão dessa Assembleia" completou Garcia Jr.

Outros 18 secretários de Fazenda de todo o país realizaram uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), nessa segunda-feira na tentativa de frear a aprovação do PLP 18/22. Já a estimativa do governo e do Congresso Nacional é que haja uma redução no preço dos combustíveis de R$ 0,60 por litro com a medida. 

 

FUNCIONALISMO

O deputado professor Lemos (PT) cobrou do secretário de Fazenda aumento salarial para o funcionalismo público, com reajuste 12,13% sobre a data-base. "O gasto pessoal caiu para 40% e tem margem fiscal e orçamentária, e como o Estado não pode fazer isso? Há uma defasagem histórica." questionou.

Em resposta, o secretário de Fazenda argumentou que as vinculações constitucionais comprometem a maior parte dos recursos e não há, segundo ele, viabilidade para aumento de salários neste momento. "Este ano temos ainda uma despesa extraordinária com as rodovias, sem pedágio, com gasto adicional de R$ 850 milhões. Considero o pedido legítimo, mas se o PLP for aprovado pelo Congresso inviabilizará todo o Estado. Ele será uma verdadeira bomba atômica, com um ato permanente. Ele reduzirá a inflação, mas é um ato eleitoreiro de curto prazo e estamos afogando os estados e municípios. É uma chantagem eleitoral. E neste momento, conceder qualquer aumento de despesa seria uma irresponsabilidade minha, quase um ato criminoso." respondeu. 

RECEITAS X DESPESAS

As despesas correntes nos primeiros quatro meses deste ano chegaram a R$ 15 bilhões. No mesmo período de 2021 o valor foi de R$ 13,1 bilhões. O aumento nominal foi de 15%, com alta real de 2%. Os gastos com pessoal e encargos sociais somaram R$ 9,3 bilhões, valores maiores em relação ao mesmo período do ano passado, que foi de R$ 8,771 bi.  De acordo com os dados apresentados pelo secretário, a receita corrente foi de R$ 19,9 bilhões de janeiro a abril de 2022, contra R$ 15,8 bilhões no mesmo período de 2021. 

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