O ex-deputado federal Emerson Miguel Petriv, o Boca Aberta (Solidariedade), recebeu voz de prisão do vereador Santão (PL) nesta quinta-feira (15), em uma agência da CEF (Caixa Econômica Federal) próxima ao Centro Cívico de Londrina. Petriv é acusado de ofender servidores e desacatar vereadores da CML (Câmara Municipal de Londrina).

A confusão começou pouco antes da sessão desta quinta-feira, agendada para as 14h. O ex-deputado estava gravando vídeos em frente ao prédio do Legislativo e teria ofendido servidores, inclusive o procurador da CML, Miguel Aranega, que diz ter sido ameaçado. Após os ânimos se exaltarem, Petriv foi para uma agência da CEF, onde acabou sendo algemado.

Na Central de Flagrantes da Polícia Civil, por volta das 15h30, enquanto o vereador concedia entrevista para a FOLHA, a esposa de Boca Aberta, a ex-vereadora Mara Boca Aberta, também recebeu voz de prisão de Santão por desacato. Ela gritou “covarde” ao chegar na delegacia.

O presidente da Câmara, vereador Emanoel (Republicanos), Santão, o procurador da Casa, o diretor-geral da CML, Leandro Rosa, e uma assessora registraram queixa contra o ex-deputado. Também foram solicitadas medidas protetivas para que Boca Aberta não se aproxime dessas pessoas.

Imagem ilustrativa da imagem Família Boca Aberta vai para a delegacia após confusão na Câmara
| Foto: Fernando Cremonez/CML e Najara Araújo/Câmara dos Deputados

VERSÃO DE SANTÃO

O vereador afirma que Petriv estava proferindo ofensas a ele e aos servidores em frente ao prédio da Câmara. “O primeiro crime que ele cometeu em flagrante delito foi desacato. Ele esteve em frente à CML, onde entram os servidores e os vereadores, e ele ameaçou um servidor da Casa”, diz.

“Quando me viu, ele saiu correndo e se escondeu dentro da CEF”, relata Santão, que buscou as algemas que estavam em seu carro - já que é policial rodoviário federal. “Ele resistiu à prisão, desobedeceu, são mais dois crimes, tentou chutar meus assessores. Precisamos usar da força de quatro homens para algemá-lo e, mesmo depois, tentou chutar meu servidor, tentou me chutar. Ele xingou funcionárias da Câmara com palavras de tão baixo calão que nem posso citar aqui.”

VERSÃO DA FAMÍLIA BOCA ABERTA

Boca Aberta sustenta que estava gravando vídeos sobre o suposto aumento de cadeiras na Câmara e o uso de veículos alugados pelo Legislativo. E que dirigiu críticas a alguns vereadores, como Santão. Ele assinou um termo circunstanciado e foi liberado por volta das 18h30.

“Ele invadiu a Caixa, um órgão federal, dando voz de prisão a mim. Com mais três assessores, ele veio para cima de mim com a pistola na mão e uma algema na outra, dizendo: ‘Você está preso’”, relata o ex-deputado, que alega ter sido agredido durante a abordagem do vereador e seus assessores.

Boca Aberta também se defende das acusações de ter ofendido servidoras da Câmara. “Isso é mentira. Ele está querendo passar um pano, amenizar a situação gravíssima que fez comigo. Uma assessora dele começou a me xingar e falei: ‘Não, você já foi amante do fulano de tal’. Isso eu falei, qual o problema, qual o crime? Existe crime de opinião?”, questiona.

“Eu não me referi ao vereador. Ele simplesmente veio para cima de mim dizendo que eu tinha desacatado ele, chamado de covarde”, diz Mara, que alega ter chamado um assessor de covarde, e não o vereador. “Ele [Santão] estava dando entrevista e veio para cima de mim, me pegou pelo braço, eu estou toda marcada.”

Imagem ilustrativa da imagem Família Boca Aberta vai para a delegacia após confusão na Câmara
| Foto: Douglas Kuspiosz - Reportagem Local

A ex-vereadora disse que vai levar o caso para a Justiça e irá representar na Câmara contra Santão. Apesar de ter recebido voz de prisão, ela não chegou a ser detida. “Eu não fiz nada de errado para ele agir da maneira como agiu comigo.”

DEFESA

O advogado Rafael Ferreira Dall'Amico, que representa Boca e Mara, garante que o ex-deputado fazia uma “manifestação pacífica” em frente à Câmara quando foi abordado e se retirou voluntariamente do local.

“Muitos minutos depois, o vereador Santão, que é policial rodoviário federal, e não se sabe se estava na condição de vereador ou de PRF, invadiu a agência e efetuou a prisão. As circunstâncias do flagrante serão melhor esclarecidas após nossa requisição das câmeras de vigilância”, frisa o defensor.

Dall'Amico ainda afirma que Mara foi “arbitrariamente presa” e sofreu agressões, por isso irá representar contra o vereador.

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