A Câmara Municipal de Apucarana autorizou por seis votos a três a abertura de uma CP (Comissão Processante) contra o vereador Franciley Preto Godoi Poim (PSD) por quebra de decoro parlamentar e infração político-administrativa. A denúncia foi protocolada na Casa pelo advogado Douglas Luís dos Santos.

Essa é a segunda CP aberta em menos de um mês pelo Legislativo local. No dia 22 de agosto, a Câmara havia aberto um outro procedimento para investigar a conduta do vereador Toninho Garcia, do União Brasil, que, no último dia 14, afirmou, em sessão no Legislativo, que os nordestinos “não gostam muito de trabalhar”.

A denúncia contra Franciely Poim traz supostos fatos como assédio moral contra servidores, homofobia, calúnia e difamação contra outros vereadores e etarismo, que é preconceito contra idosos. Segundo o advogado, o parlamentar agia para intimidar servidores, incluindo gravar conversas não autorizadas. “Durante o período que presidiu a Casa entre 2021 e 2022, Poim promoveu as mais severas perseguições aos mais diversos servidores”, escreveu o denunciante.

O advogado apontou ainda a prática ilegal de advocacia administrativa, lesão ao erário público (improbidade administrativa), desrespeito e ingerência sobre órgão de controle. No documento, o denunciante citou os nomes dos servidores que teriam sofrido ameaças, como tentativa do então presidente da Câmara de mexer nos salários dos comissionados e servidores concursados. “Para demonstrar seu autoritarismo e coronelismo obrigou um servidor a ser colocado em situação de humilhação e com comentários homofóbicos”.

O autor da denúncia pedia o afastamento do vereador do cargo, o que foi rejeitado por unanimidade. Uma comissão processante foi formada após sorteio realizado para analisar todas as denúncias e dar sequência ao processo. Os nomes para compor a CP são: Rodrigo Lievore (União), como presidente; Moisés Tavares (Cidadania), secretário; e Tiago Cordeiro de Lima (MDB), relator.

O presidente da Câmara Municipal, Luciano Molina (PL), não comentou o mérito da denúncia. “O plenário acatou o pedido vindo desse cidadão e irá começar os trabalhos para analisar as denúncias. A comissão processante já está aberta e pode ocorrer um arquivamento, uma advertência ou também a cassação do mandato do parlamentar”, explicou.

A Folha de Londrina entrou em contato com o vereador denunciado, mas até o fechamento da edição Poim não retornou com uma resposta. O vereador Lucas Leugi (PP), que votou contra a abertura da CP, entende que o advogado denunciante não teria procuração para representar os servidores. “Eu nunca vi esse advogado na Câmara nesses anos todos e por entender que ele não tem procuração dos servidores, meu voto é não”.

DENÚNCIA POR XENOFOBIA

A primeira Comissão Processante foi criada para apurar denúncia do vereador Moisés Tavares (Cidadania), que pede para que o colega Toninho Garcia responda por quebra de decoro parlamentar pela fala de cunho xenofóbico. A grande coincidência entre as duas comissões é que o novo alvo (Poim), foi escolhido para presidir a CP contra Toninho Garcia.